quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PROGRAMAÇÃO NOVEMBRO DE 2010

ATENÇÃO: NOVO HORÁRIO: 19H...por causa do horário de verão!!

07/11A partida. DRAMA. Japão, 2008. Direção de Yojiro Takita. 130 min.


Sinopse: A Partida segue a história de um jovem que começa a trabalhar como "Nokanshi", uma espécie de agente funerário, responsável por preparar o corpo, colocá-lo no caixão e enviar a pessoa que morreu para o outro mundo, agindo como um guardião entre a vida e a morte. Porém seu trabalho é desprezado tanto por sua esposa quanto pelas pessoas a sua volta, mas através da morte é que começa a descobrir o verdadeiro sentindo da vida.

Crítica: A premiação do Oscar desse ano causou surpresa ao ignorar o francês Entre os Muros da Escola e o israelita Valsa com Bashir – duas inovadoras obras-primas – na categoria de filme de língua estrangeira, premiando o candidato japonês, até então pouco conhecido. É, entretanto, compreensível tal fato, visto que A Partida é um filme, ainda que narrativamente convencional e, de certa forma, previsível, que acumula muitos pontos positivos, sendo um ótimo drama de temática diferenciada.

O filme se concentra em Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki), um ex-violoncelista, que possuía um trabalho socialmente elevado de tocar numa grande orquestra em Tóquio, que, de repente, é dissolvida por seu dono. Daigo, precisando de dinheiro, retorna à sua cidade natal, junto com a esposa, no norte do Japão, e lá consegue um inusitado emprego: torna-se um “nokanshi”, uma espécie de coveiro especial, mestre em lavar e vestir cadáveres. Essa função advém de uma antiga tradição japonesa, de deixar o morto limpo, belo e bem tratado para seu último momento, função antes exercida pelas famílias dos mortos, mas já meio esquecida e agora por conta de profissionais. Com esse emprego, Daigo consegue o dinheiro que estava precisando, mas esconde seu emprego da mulher e amigos, pois tal função é vista como algo vergonhoso e, no início, até ele assim a vê, como algo desprezível, o toque com o dejeto mortal.
É interessante observar como essa mudança na vida do protagonista engloba vários aspectos. É uma volta para a cidade natal, mas, além disso, uma volta para o passado, para o contato com pessoas de outrora e com traumas de outrora – o relacionamento mal resolvido com o pai ressurge de forma decisiva. Essa volta também é uma representação quanto à nova função de Daigo: em um Japão cada vez mais “moderno” e ocidentalizado, ele passa a lidar com uma antiga tradição tipicamente nipônica. Também, paradoxalmente, é uma época de novidade para Daigo, de lidar com a frustração no trabalho, de se adaptar, de refletir sobre sua vida e seu passado, mas também sobre a vida e a morte.A análise que o filme oferece sobre a morte, aliás, é muito rica. Longe de clichês como “a vida é curta e é preciso aproveita-la” e “a morte é inevitável”, a trama, inicialmente, olha para a morte pelo lado material, tendo Daigo encarando as situações de seu trabalho como insólitas, ao lidar com corpos já sem vida. A morte é vista como algo plenamente corporal e o trabalho de nokanshi como um mero cuidado final com o corpo de um animal – e há uma comparação indireta muito boa, quando, após realizar um trabalho, Daigo chega em casa e há um frango morto, aos pedaços, em uma vasilha, esperando ser preparado e o protagonista fica nauseado. Mas, conforme o personagem vai se adaptando à profissão, mais ele começa a perceber o sentido e a importância desta. A morte deixa de ser vista como plenamente material, e o diretor passa a extrair poesia e beleza dos últimos momentos do corpo na Terra. O trabalho do nokanshi é então compreendido como uma função nobre, que “limpa” o morto e dá-lhe a beleza que era sua em vida, deixa-o da melhor forma possível para que sua partida deste mundo seja digna, para seu último adeus para a família seja belo. Várias cenas, em que vemos a relação da família com o morto que está sendo “preparado”, são emocionantes ao mostrar a verdade do relacionamento entre esses, seja como um adeus triste e lamentador, seja como um momento de aceitação da pessoa como ela foi em vida ou como uma despedida feliz por terem vividos juntos e sido felizes.
A forma como as pessoas fora desse núcleo vêem essa profissão também é algo curioso. Para elas, trata-se de um ofício vergonhoso, indigno e absurdo, o que implica uma visão negativa por parte destes em relação ao contato entre mortos e vivos, bem como uma negação de uma antiga tradição cultural. Esses fatores, contrastando com o amor de Daigo pela música, criam no protagonista um grande embate, à medida em que ele está descobrindo-se em um novo emprego, mas ainda sente falta de sua carreira como violoncelista, carreira muito mais respeitada e bem vista.
Ainda apostando no drama, o filme engloba a questão do relacionamento mal resolvido entre pai e filho, a distância entre eles e, em certo ponto da trama, figura uma outra tradição interessante, a da comunicação através de pedras, em que os sentimentos e significados são passados por pedras que figuram a mensagem.
Tudo isso é conduzido pelo diretor de forma extremamente cuidadosa, sensível, sensata e firme. A direção aposta em um ritmo lento, mas nunca arrastado ou irreal, em planos fixos e observadores e em uma misé-em-scene baseada nos sentimentos envolvidos, no intuito de transmitir a sensibilidade e a verdade de cada momento. O diretor ainda coordena bem seu elenco, extraindo de cada ator a interpretação na medida certa, conseguindo um resultado equilibrado e harmônico. Entretanto, exagera em certos momentos em que pensa estar extraindo uma poesia visual, mas na verdade está deixando a cena carregada e melodramática.
Um dos pontos contestáveis do filme é a sua estrutura um tanto quanto previsível e, às vezes, exagerada em sua emotividade, esbarrando em clichês e melodramas. A trilha sonora, por mais bonita e significativa, às vezes é excessiva e pleonástica. A fotografia, por outro lado, consiste em tons pastéis e um pouco dessaturados e na iluminação farta, funcionando muito bem dentro da proposta estabelecida.
No todo, A Partida é um drama de estrutura não-inovadora, mas otimamente bem realizado, que consegue levantar pontos e questões interessantes e sensíveis de forma diferenciada, além de mostrar um panorama interessante sobre um ato cultural japonês, cheio de beleza e poesia, e consistir em uma análise sobre a morte, mas também sobre a vida, as mudanças e o passado. Fonte: http://www.culturadebolso.org/

Trailler:http://www.youtube.com/watch?v=vNV5SxbTvKA



21/11 Estômago. Comédia. Brasil, 2008. Direção de Marcos Jorge. 113 min


Sinopse: é a história da ascensão e queda de Raimundo Nonato, um cozinheiro com dotes muito especiais. Trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir poder. E pode ser definido como “uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária.

Crítica: Pense num filme que mistura com inteligência todos os ingredientes que o Brasil e seu cinema têm de melhor –não necessariamente de bom, mas que provoque o espectador, aguce os sentidos e faça reagir. “Estômago”, estréia de Marcos Jorge na direção de um longa de ficçãotem tudo isso. E ainda vem acompanhado de muita coxinha.
Premiado nos festivais internacionais de Punta Del Este e Rotterdam, além de ter levado quatro troféus no Festival do Rio 2007, “Estômago” conta a história de Raimundo Nonato (vivido pelo genial João Miguel, de “Cinema, aspirinas e urubus”), um nordestino que chega a São Paulo sem lenço, documento nem dinheiro, e acaba ganhando o emprego de cozinheiro/garçom/faxineiro em um boteco do centro.

Raimundo é explorado pelo chefe, que não lhe paga pelo trabalho, já que dá a ele um quartinho imundo para dormir e refeições diárias. Mas o talento para cozinhar logo aparece, e a clientela do boteco aumenta a todo vapor, o que chama a atenção do dono de um restaurante da vizinhança. Raimundo ganha um emprego novo, onde aprenderá a cozinhar pratos muito mais elaborados do que arroz, feijão, coxinha e pastel. É nesse ponto do filme que olhos mais atentos podem perceber os primeiros sinais de mudança do protagonista –ou apenas achar graça– quando ele mente ao novo chefe, de olho no polpudo salário, que terá de pensar na proposta, já que ganha bem, inclusive com benefícios. Raimundo pode até ter chegado a São Paulo ingênuo, mas não levará muito tempo até que aprenda a viver e lidar com o poder –e a conquistá-lo para si.
Ao mesmo tempo em que o espectador assiste ao crescimento profissional de Raimundo, que vai ajeitando a vida ao lado da prostituta glutona Íria (Fabiula Nascimento), lhe é apresentada uma outra trama, igualmente saborosa: o protagonista está na cadeia, tentando conquistar atrás das grades tudo o que havia levado meses para conseguir fora de lá. E é transformando as gororobas cheias de vermes da prisão em saborosos rangos que ele consegue uma cama e um lugar entre os protegidos da liderança do xadrez.
Minuto a minuto, enquanto assistimos à derrocada de Raimundo, a história vai ficando mais intrigante, dramática e em alguns momentos ainda consegue ser bem-humorada. O que, afinal de contas, levou o cozinheiro àquela cela, justamente quando tudo parecia estar indo bem? Fonte: Débora Miranda, do G1.

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=FimMphR-rEE

Mais detalhes: http://www.estomagoofilme.com.br/



28/11A liberdade é azul.. França, 1993. Direção de Krzysztof Kieslowski. 137min.  


Sinopse: Após um trágico acidente em que morrem o marido e a filha de uma famosa modelo (Juliette Binoche), ela decide por renunciar sua própria vida. Após uma tentativa fracassada de suicício, ela volta a se interessar pela vida ao se envolver com uma obra inacabada de seu marido, que era um músico de fama internacional.

Crítica: Não existe dor maior que um ser humano pode sentir do que perder um filho. Não se trata de especulação, mas de um fato concreto; quem tem filho sabe que o simples pensamento sobre a possibilidade de nunca mais vê-lo já é capaz de causar arrepios. O que dirá, então, de perder não apenas um filho, mas também o marido, durante um acidente de automóvel absolutamente estúpido e banal? É isso o que acontece com Julie (Juliette Binoche), logo no início de “A Liberdade É Azul”, o belo filme de Krzysztof Kieslowski que abre a famosa Trilogia das Cores, composta também por “A Igualdade É Branca” e “A Fraternidade É Vermelha”.

A escolha do tema, em si, já é de uma ousadia quase herética do diretor. Quem mais pensaria em associar um sentimento aparentemente tão positivo e promissor, como a liberdade, a um acontecimento tão doloroso como a morte das duas pessoas que mais se ama? A abordagem do tema é, como quase todo o cinema de Kieslowski, surpreendente e inusitada, mas também intensa, delicada e sobretudo humana, muito humana. A lição que o filme nos dá – e a obra do cineasta polonês está repleta de lições, ainda que “ensinadas” sem nenhum cacoete didático – é simples e até banal, mas certamente verdadeira: o destino pode sortear as pessoas de muitas formas, inclusive com muita dor, e não há o que fazer a não ser viver cada situação que se apresenta com intensidade e honestidade.
Na ótica de Kieslowski, a morte da filha e do marido liberta Julie. Há nessa afirmação uma crítica sutil à instituição do casamento e à família. As duas coisas funcionam, quando analisadas sob esse ângulo, como amarras sociais; são hábitos culturais que estão profundamente arraigados no homem, talvez para combater a solidão que nos acompanha a vida inteira. De qualquer forma, a experiência de Julie é absolutamente radical. Após construir sua vida ao redor de dois indivíduos profundamente amados, ela vê de repente tudo desabar por causa de um vazamento no sistema de freios do carro novinho da família. Uma estupidez possível.
A dor dela é palpável; em certos momentos Julie pára sufocada, com dificuldade até para respirar. Mas é uma reação muda, pois ela não consegue chorar (“eu choro pela senhora”, diz em certo momento a criada da família, em cena belíssima). Não consegue nem mesmo se suicidar; tenta engolir um vidro inteiro de pílulas, ainda no hospital, mas não tem coragem. A cena é emocionante, e explica perfeitamente a radical decisão seguinte da personagem, em torno da qual todo o filme será organizado: Julie decide cortar relações com a vida, cometer uma espécie de suicídio a longo prazo. Doa os móveis, queima as lembranças do marido e da filha, abandona a casa e os amigos, deixa de trabalhar. Aluga um pequeno apartamento em Paris e decide esperar a morte chegar. Só que mesmo na vida mais acética, como mostra Kieslowski, o sentimento – aquilo que nos faz humanos – dá um jeito de brotar.

Um detalhe interessante do filme é o visual requintado, bem diferente do trabalho normal do diretor, que é mais despojado. A fotografia de Slavomir Idziak carrega nos tons azulados e capricha nas composições, algo incomum na filmografia do diretor; um bom exemplo é a tomada, logo no início, que mostra o vazamento no freio do carro em primeiro plano, com a filha de Julie indo fazer xixi na beira da estrada, ao fundo. As cenas com Julie na piscina, uma imensidão azul com iluminação fluorescente, traduzem perfeitamente a protagonista: gelada, triste. Vale lembrar que a palavra “blue”, em inglês, significa tanto “azul” quanto “sentimento de tristeza”. A escolha da história de Julie para ilustrar o tema da liberdade, bem como a cor associada ao sentimento, foram perfeitas.
Outro marco importante do filme realizado através de detalhes estéticos é a utilização da música de Zbigniew Preisner, um colaborador constante. Cabe aqui uma informação importante: o marido de Julie era um maestro famoso e compunha uma sinfonia para ser executada na cerimônia de unificação da Europa, trabalho que fica incompleto porque a mulher decide destruir as partituras. Mas o trecho mais emocionante da sinfonia fica gravado na cabeça dela, e é executado todas as vezes em que as memórias da família afloram; nesses momentos, a tela fica negra, como se a personagem sofresse um blackout emocional. Ou talvez Kieslowski quisesse preservar a intimidade de Julie naquele momento de dor suprema. As duas soluções são válidas, e muito bonitas.
“A Liberdade É Azul” é mais triste e doloroso do que outros filmes do cineasta. É verdade que a obra de Kieslowski está impregnada de um sentimento perene de melancolia, mas nesse filme existe dor, e ela é contundente. Outra característica do diretor, contudo, foi inteiramente preservada: é impossível antecipar os rumos da trama. Em sua nova vida, Julie vai ter que reaprender a usar os sentidos, bem como descongelar os sentimentos, mas isso ocorre paulatinamente, e de maneiras completamente inesperadas.

Perceba, no entanto, a sutileza e a inteligência de Kieslowski ao mostrar o relacionamento (frio, porém fundamental) entre Julie e a mãe, que está internada em um asilo. A velhinha nem sequer reconhece a filha, mas passa os dias assistindo a vídeos de gente de meia idade praticando esportes radicais, como bungee jumping. A mãe de Julie nem sabe, mas celebra a vida de uma forma que a filha não consegue. É interessante notar, portanto, que embora jamais converse com ela sobre isso – na verdade, não conversa com ninguém sobre assuntos pessoais –, são os poucos momentos com a mãe que insinuam a Julie uma mudança de comportamento.

Para os cinéfilos mais apressadinhos, que podem não ver muito sentido na trajetória errática da protagonista, a dica é ter um pouco de paciência e assistir ao filme até os créditos. Somente no final toda a trajetória de Julie vai fazer sentido. Aliás, quando o filme acaba – de uma maneira surpreendente, apenas para confirmar a regra de imprevisibilidade dos filmes do diretor –, dá até para dizer que “A Liberdade É Azul” é otimista. Dolorosamente otimista. A título de curiosidade: atente para a aparição-relâmpago do casal do filme seguinte da trilogia, “A Igualdade É Branca”, em uma rápida cena no tribunal.
Fonte: http://www.cinereporter.com.br/dvd/liberdade-e-azul-a/

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=XHv6K1JVZPE&feature=related












quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ciclo de filmes: A Ditadura militar no Brasil

Neste mês de outubro de 2010...em plena baixaria das eleições presidenciais, o Cinemoras propõe um debate a partir das produções cinematográficas sobre a Ditadura militar no Brasil...buscando conhecer o passado para pensar o presente e construir o futuro!
Participe e traga suas opiniões!!

Este ciclo de filmes acontecerá nos dias 21, 22, 23 e 24 de outubro..no mesmo local de sempre: Torre ON (ST4) da Moradia Estudantil da Unicamp (Av. Santa Isabel, 1125. Vila Santa Isabel, Barão Geraldo).

Nos dias 21 e 22 (quinta e sexta-feira) as sessões ocorrerão às 19h e nos dias 23 e 24 (sábado e domingo) às 18h.


PROGRAMAÇAO

21/10 – Quinta-feira – 19:00h


Jango. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 1984. Direção de Silvio Tendler. 117 min.



Sinopse: Rodado em 1984, Jango retrata a carreira política de João Belchior Marques Goulart, presidente deposto pelos militares em 1º de abril de 1964. Na obra, Tendler procurou mostrar a política brasileira da década de 60, desde a candidatura de Jânio Quadros, passando pelo golpe militar, as manifestações da UNE e os exílios. O filme é narrado pelo ator José Wilker e conta com depoimentos de Magalhães Pinto, Aldo Arantes, Raul Ryff, Afonso Arinos e Francisco Julião, entre outros.

Crítica: Um dos maiores sucessos populares da história do documentário brasileiro, Jango foi um filme necessário no seu tempo (1984, estertores do período de exceção) e hoje é um clássico. Poucas vezes o perfil de um líder político chegou às telas com a fluência, a inteligência e a emoção desse trabalho de Silvio Tendler. O filme concentra-se na figura um tanto trágica desse estadista sem poder que, junto com sua deposição em 1964, levou consigo, por muito tempo, os sonhos de um governo popular. Um tesouro em materiais de arquivo é submetido a uma edição vibrante e servido por um texto que, além de comentar as imagens, vale-se de metáforas e aproximações para revelar o seu subtexto. (Fonte: Programadora Brasil)


22/10 – Sexta-feira – 19:00h



Lamarca. DRAMA. Brasil, 1994. Direção de Sérgio Resende. 129 min.




Sinopse: Crônica dos últimos anos na vida do capitão do exército Carlos Lamarca (Paulo Betti) que, nos anos da ditadura, desertou das forças armadas, e passou a fazer oposição, tornando-se um dos mais destacados líderes da luta armada.



Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=oy3Csmjbnu8

23/10 – Sábado – 18:00h



Hércules 56. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 2006. Direção de Silvio Da-rin. 94 min.


Sinopse: Documentário sobre a luta armada contra o regime militar, focado no seqüestro do embaixador Charles Elbrick, ocorrido na semana da Independência de 1969. Em troca do diplomata, foi exigida a divulgação de um manifesto revolucionário e a libertação de 15 presos políticos, representantes de todas as tendências que combatiam a ditadura. Banidos do território nacional e com a nacionalidade cassada, foram conduzidos ao México no avião da FAB Hércules 56.

Crítica:  O filme recupera os bastidores de um episódio marcante da história recente do país: a troca de 15 prisioneiros políticos pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado por grupos da luta armada em setembro de 1969.

Além do interesse em reavaliar aquele acontecimento, um dos momentos mais dramáticos na ditadura militar, no auge da repressão do governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), o documentário traz à tona um notável grupo de personalidades entre os nove sobreviventes do grupo original de 15 prisioneiros.
De um lado, estão os ex-presos políticos trocados pelo embaixador, como o ex-deputados José Dirceu de Oliveira e Vladimir Palmeira, e o jornalista Flávio Tavares. De outro, também são ouvidos idealizadores do próprio seqüestro, como o historiador Daniel Aarão Reis e o jornalista Franklin Martins.
O diretor carioca Silvio Dá-Rin, que é também um dos melhores técnicos de som do cinema nacional, conduz seu filme com ritmo e solidez de informações. Cria clima a partir dos depoimentos dos nove sobreviventes, partindo da famosa foto que os reúne antes da partida.
A montagem tece ligações entre os relatos, em que surgem recordações, como o medo de serem atirados do avião -- um Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) --, seu desembarque no México, sua posterior ida a Cuba, onde foram recebidos como heróis por Fidel Castro.
Os presos trocados não tinham relação direta com o seqüestro. Eram militantes políticos de diferentes facções, que estavam na cadeia, sofrendo torturas. Por isso, vários recordam com que expectativa acompanharam sua inclusão na lista dos passageiros que deixariam o Brasil.
Um dos bons momentos do filme é quando se coloca na mesma mesa cinco dos autores do seqüestro, pertencentes à Dissidência da Guanabara (que depois assume o nome de MR-8) com a ajuda da Ação Libertadora Nacional (ALN). Num animado debate, eles reavaliam suas audaciosas ações e algumas das terríveis possibilidades que não se cumpriram -- como preparar-se para a execução do embaixador, caso resultassem em fracasso as negociações com o governo militar.
Ricas imagens de arquivo, que incluem noticiários da época, e imagens de alguns dos prisioneiros já falecidos -- como o líder camponês Gregório Bezerra e o líder estudantil Luís Travassos -- completam as discussões. O documentário cerca seu tema com cuidado e riqueza de detalhes. Fica claro que não há intenção aqui de ouvir o lado dos militares. O foco está em apresentar a versão de quem lutou contra a ditadura e hoje analisa as transformações do Brasil desde aquela época.
Uma ausência que alguns poderão notar é a do deputado Fernando Gabeira, participante do seqüestro e que se tornou um dos mais famosos do grupo, por ter sido um dos primeiros a contar a história em seus livros ao voltar do exílio. A explicação do diretor é que Gabeira era "soldado raso" da operação e sua intenção era apenas ouvir os líderes.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb, especial para a Reuters

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=Plz0myNOpcU


24/10 – Domingo - 18:00h

Vlado: 30 anos depois. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 2005. Direção e João Batista de Andrade.




Sinopse: Morto há trinta anos pela ditadura militar, o jornalista Vladimir Herzog é homenageado neste documentário dirigido por João Batista de Andrade. O longa é um apanhado da vida, carreira e morte de Vlado, contando com depoimentos de amigos e familiares. Entre os entrevistados estão Clarice Herzog, Paulo Markun e Diléa Frate

Crítica: Não é simplesmente um filme sobre Vlado, ou Vladmir Herzog, é um filme pessoal, uma dívida com o destino, assim diz o Diretor João Batista de Andrade. Ele inicia a cena com a praça da Sé em São Paulo e com uma cadeira promete tirar depoimentos sobre todos que viveram ou tiveram sua vida cruzada com Vladmir Herzog. É um filme pessoal, quase todo relatado em primeira pessoa. Com closes fortes, com marcas de expressão, sem maquiagem como um documentário tem que ser. Rugas reais e sorrisos e lágrimas verdadeiras. O Filme é pessoal, mas não teria como não ser. O Diretor afirma que deveu muito ao Vlado por na época não ter a capacidade de transformar aquela dor em algum registro visual. Mas 30 anos depois ele ressalta que uma divida não somente com o amigo com com o país está sendo paga. O filme é mais que pessoal, eu ainda usaria o termo ultra pessoal e de extremo realismo para satisfazer o que o diretor tenha questionado demonstrar. Sobre o que o filme fala? Para quem acha que o Filme é uma biografia de Vladmir Herzog tem a surpresa de encontrar um protesto e um relato direto da ditadura Militar. A introdução toda é feita em cima da figura de Vlado como um personagem histórico, como um resumo de sua vida. Mas não é isto. O pano de fundo, um Brasil conturbado, ganha a grande identidade do filme. Conspirações imaginárias, fuga de Prestes, Detalhes da tortura e ate mesmo um musical de João Bosco aparecem. Nenhuma imagem de torturas, nenhum sangue, ou ao menos nenhuma violência explícita. Toda a violência cresce dos depoimentos comuns e emocionados dos participantes. A violência toda acontece na cabeça daqueles que ali assistem de forma direta e clara o documentário tentando imergir numa das páginas mais negras da historia do Brasil. A edição Antes de tudo é um documentário que tem por objetivo extrair uma certa realidade sob o ponto de vista do diretor. A qualidade das imagens é amadora em sua maioria.Imagens que tremem, experiementalismos em reflexos,mas não tira de parte alguma a atenção do expectador. Mas de pouco isto importa, utilizando-se de filmadoras de mão e filmando a maioria do filme em primeira pessoa. Utilizando-se também de imagens de arquivos como o do culto de repudio na Sé, que nos traz pra dentro do que foi um momento de mudanças e indignação para a sociedade brasileira. Não importa mais a qualidade das imagens e sim o conteúdo com que elas são apresentadas e como conseguiram pegar a verdade, as bocas e olhos que exprimiam verdadeiras imagens sobre o que aconteceu naqueles dias de chumbo. O Diretor se utiliza de capítulos para seqüênciar os fatos ali colocados e dar maior coerência a historia. Destaque para o capitulo intitulado como PRISOES as quais os relatos ganham maior sensibilidade por parte dos entrevistados. Quem fala e faz historia Entre os principais depoimentos temos ilustres figuras nacionais e internacionais que contribuem com memórias para a construção deste quebra-cabeça que foi o caso Herzog. Entre eles aparecem: Clarice Herzog, Ivo Herzog, José Mindlin, Ruy Othake, Dom Paulo Evaristo Arns, Henry Sobel, Fernando Morais, Clara Sharf, Paulo Markun, Aldir Blanc, Alberto Dines, Sérgio Gomes, Diléia Frate, Mino Carta, João Bosco, Rose Nogueira entre outros famosos. Mas também tem muito transeunte mal informado ganhando seus segundos de fama.

Fonte: http://www.adorocinema.com.br/

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=aZRuP2LmIBM














quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PROGRAMAÇÃO OUTUBRO/2010

AOS DOMINGOS ÀS 18h  NA TORRE O-N - MORADIA UNICAMP
ATENÇÃO: NOS DIAS 10/10 E 31/10 NÃO HAVERÁ SESSÃO POR SER FERIADO PROLOGANDO

03/10A festa nunca termina. DRAMA. Reino Unido, 2002. Direção de Michael Winterbottom. 115 min.



Sinopse: Manchester, 1976. O aluno de Cambridge Tony Wilson (Steve Coogan) está no show dos Sex Pistols. Totalmente inspirado por esse momento-chave da história da música, ele e seus amigos montam um selo chamado Factory. Eles assinam um contrato com o Joy Division (que viria a ser o New Order), com o James e os Happy Mondays, todos artistas seminais de seu tempo. Isso desencadeia um turbilhão de sexo, música e drogas que culmina com o nascimento de um dos dance clubs mais famosos do mundo, o Hacienda, meca de clubbers e adeptos do psicodelismo. Descrevendo a herança musical de Manchester desde a década de 1970 até o início dos anos 90, o filme ilustra a vibração que fez de Manchester o lugar onde todos gostariam de estar.

Crítica: Entre fatos e mitos, a história de "A Festa Nunca Termina" (ou "24 Hour Party People") ficou com os mitos. Ainda bem, segundo aquele que é o fio condutor do filme, Anthony "Tony" Wilson, 52. O diretor inglês Michael Winterbottom ("Bem-vindo a Sarajevo") escolheu para este "A Festa Nunca Termina" _que estréia hoje no Festival do Rio BR_ um dos temas mais universais do pop: a cena musical de Manchester entre 76 e 92 _entre o primeiro show dos Sex Pistols na cidade, testemunhado por 42 pessoas, e a morte da acid house, o gênero que aproximou o psicodelismo rock com a house music. Universal? Não fosse por Joy Division, New Order, Happy Mondays e pela revolução implementada involuntariamente pelo superclube Haçienda, Moby não teria vendido as faixas de "Play" para anúncios publicitários; ou iria demorar pelo menos mais uns dez anos para uma cidade como São Paulo receber um festival eletrônico de porte mundial. Tony Wilson parou no meio disso tudo, como protagonista do filme, porque esteve envolvido diretamente: apresentava um programa de TV, estava no histórico show dos Pistols, fundou a gravadora Factory, "descobriu" Joy Division/New Order/Happy Mondays e criou o Haçienda.
Extremamente falante e orgulhoso de seu papel, Tony Wilson se mostra entusiasta de "A Festa". "O filme é maravilhoso e esperto, mas há coisas que eu acho que não deveriam estar ali. E não é verdadeiro. É uma completa coleção de mentiras", disse à Folha. Por quê? "Porque entre a verdade e o mito, fique com o mito. O irônico é que esse monte de mentiras acabou contando a verdade." Wilson é defensor ferrenho das bandas retratadas no filme e da influência exercida por elas: "Joy Division foi quem deu complexidade ao punk, New Order mudou tudo com "Blue Monday", e os Happy Mondays foram os Sex Pistols de sua época, representavam a classe trabalhadora no poder". (O Joy Division acabou com o suicídio de seu líder, Ian Curtis, em 80; o New Order está por aí, e os Happy Mondays já se foram.) Sobre o Haçienda (1982-1997): "Naquela época, os garotos queriam sair para dançar, mas não tinham onde. Os clubes só tocavam música comercial, ruim. De repente, aparecemos com aquela house music esquisita [acid]".   Um episódio resume o clima do finado selo Factory e do filme. No começo dos 90, foi achado um pedaço de papel que literalmente salvou o New Order da falência com direitos autorais. Era um "contrato" com a gravadora que dizia: "Nós não somos donos de nada; a banda detém tudo".

Fonte: THIAGO NEY, da Folha de S.Paulo. 27/09/2002


Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=MyinarfzXUE



17/101984. DRAMA. Reino Unido, 1984. Direção de Michael Radford. 113 min.
 

Sinopse: Depois da guerra atômica, o mundo foi dividido em três estados e Londres é a capital da Oceania, dominada por um partido que tem total controle sobre os cidadãos. Winston Smith é um funcionário do partido e se apaixona por Julia, numa sociedade totalitária onde as emoções são consideradas ilegais. Eles tentam escapar dos olhos "Big Brother", sabendo das dificuldades que teriam que enfrentar.

Crítica: 1984, o filme, nada deixa a dever a 1984, o clássico de George Orwell. E esta é uma das grandes virtudes tanto do roteiro como da direção de Michael Radford. Diante da grandiosidade do livro, seria extremamente fácil que o filme soasse vazio, medíocre. Mas, ao contrário, a adaptação de Radford é provocante. Winston Smith é um funcionário do governo totalitarista liderado pelo "Grande Irmão", uma "entidade" que, através de telões, controla a privacidade de todos os cidadãos do país. Certo dia, ele recebe um bilhete de uma bela garota, Julia, a quem conhecia de vista: "Eu Te Amo", lê, espantado. A partir daí, Winston passa a sair com a garota, desafiando as leis do país, que aboliram o orgasmo e incentivam a inseminação artificial. Winston e Julia desafiam, com seu amor, o próprio Sistema, que prega o ódio como maneira de subjugar seus oponentes. Prazeres simples (porém ilegais), tais como provar geléia com pão e beber café "de verdade", passam a fazer parte da rotina do casal, que redescobre o valor da fidelidade e do calor humano.
Fonte: interfilmes




24/10Vlado: 30 anos depois. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 2005. Direção e João Batista de Andrade.  






Sinopse: Morto há trinta anos pela ditadura militar, o jornalista Vladimir Herzog é homenageado neste documentário dirigido por João Batista de Andrade. O longa é um apanhado da vida, carreira e morte de Vlado, contando com depoimentos de amigos e familiares. Entre os entrevistados estão Clarice Herzog, Paulo Markun e Diléa Frate

Crítica: Não é simplesmente um filme sobre Vlado, ou Vladmir Herzog, é um filme pessoal, uma dívida com o destino, assim diz o Diretor João Batista de Andrade. Ele inicia a cena com a praça da Sé em São Paulo e com uma cadeira promete tirar depoimentos sobre todos que viveram ou tiveram sua vida cruzada com Vladmir Herzog. É um filme pessoal, quase todo relatado em primeira pessoa. Com closes fortes, com marcas de expressão, sem maquiagem como um documentário tem que ser. Rugas reais e sorrisos e lágrimas verdadeiras. O Filme é pessoal, mas não teria como não ser. O Diretor afirma que deveu muito ao Vlado por na época não ter a capacidade de transformar aquela dor em algum registro visual. Mas 30 anos depois ele ressalta que uma divida não somente com o amigo com com o país está sendo paga. O filme é mais que pessoal, eu ainda usaria o termo ultra pessoal e de extremo realismo para satisfazer o que o diretor tenha questionado demonstrar. Sobre o que o filme fala? Para quem acha que o Filme é uma biografia de Vladmir Herzog tem a surpresa de encontrar um protesto e um relato direto da ditadura Militar. A introdução toda é feita em cima da figura de Vlado como um personagem histórico, como um resumo de sua vida. Mas não é isto. O pano de fundo, um Brasil conturbado, ganha a grande identidade do filme. Conspirações imaginárias, fuga de Prestes, Detalhes da tortura e ate mesmo um musical de João Bosco aparecem. Nenhuma imagem de torturas, nenhum sangue, ou ao menos nenhuma violência explícita. Toda a violência cresce dos depoimentos comuns e emocionados dos participantes. A violência toda acontece na cabeça daqueles que ali assistem de forma direta e clara o documentário tentando imergir numa das páginas mais negras da historia do Brasil. A edição Antes de tudo é um documentário que tem por objetivo extrair uma certa realidade sob o ponto de vista do diretor. A qualidade das imagens é amadora em sua maioria.Imagens que tremem, experiementalismos em reflexos,mas não tira de parte alguma a atenção do expectador. Mas de pouco isto importa, utilizando-se de filmadoras de mão e filmando a maioria do filme em primeira pessoa. Utilizando-se também de imagens de arquivos como o do culto de repudio na Sé, que nos traz pra dentro do que foi um momento de mudanças e indignação para a sociedade brasileira. Não importa mais a qualidade das imagens e sim o conteúdo com que elas são apresentadas e como conseguiram pegar a verdade, as bocas e olhos que exprimiam verdadeiras imagens sobre o que aconteceu naqueles dias de chumbo. O Diretor se utiliza de capítulos para seqüênciar os fatos ali colocados e dar maior coerência a historia. Destaque para o capitulo intitulado como PRISOES as quais os relatos ganham maior sensibilidade por parte dos entrevistados. Quem fala e faz historia Entre os principais depoimentos temos ilustres figuras nacionais e internacionais que contribuem com memórias para a construção deste quebra-cabeça que foi o caso Herzog. Entre eles aparecem: Clarice Herzog, Ivo Herzog, José Mindlin, Ruy Othake, Dom Paulo Evaristo Arns, Henry Sobel, Fernando Morais, Clara Sharf, Paulo Markun, Aldir Blanc, Alberto Dines, Sérgio Gomes, Diléia Frate, Mino Carta, João Bosco, Rose Nogueira entre outros famosos. Mas também tem muito transeunte mal informado ganhando seus segundos de fama.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Lula, o Filho do Brasil representará o país na busca por uma vaga no Oscar

"Lula, o Filho do Brasil", de Fábio Barreto - que continua em coma após acidente em 21 de dezembro de 2009 -, foi escolhido hoje para representar o Brasil no Oscar, em 83ª edição, na busca por uma das cinco vagas na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. "Lula" compete com mais 95 filmes.

Na comissão para escolher o filme, a produtora Mariza Leão diz que não pensaram em termos de política nacional selecionar "Lula, o Filho do Brasil". "Em nenhum momento pensamos nisso como representação política, apenas em questões cinematográficas. Consideramos também o prestígio que o presidente tem, hoje em dia, lá fora", afirmou.

Concorrentes internos - Nesse ano, a seleção contou com 23 candidatos: “A Suprema Felicidade”, “Antes que o mundo acabe”, “As Melhores Coisas do Mundo”, “Bróder”, “Carregadoras de Sonhos”, “Cabeça a Prêmio”, “Cinco Vezes Favela - Agora Por Nós Mesmos”, “Chico Xavier”, “É Proibido Fumar”, "Em Teu Nome", “Hotel Atlântico”, “Nosso Lar”, “O Bem Amado”, “O Grão”, “Olhos Azuis”, “Os Inquilinos”, “Os Famosos e os Duendes da Morte”, “Ouro Negro”, “Quincas Berro D’Água”, “Reflexões de um Liquidificador”, “Sonhos Roubados” e “Utopia e Barbárie”, além de "Lula, o Filho do Brasil".

A comissão de seleção foi composta por Cássio Starling Carlos, Clélia Bessa, Elisa Tolomelli, Frederico Hermann Barbosa Maia, Jean Claude Bernardet, Leon Cakoff, Márcia Lellis de Souza Amaral, Mariza Leão Salles de Rezende e Roberto Farias.

Fonte: Revista de cinema on line

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Curso: "Audiovisual em Sala de Aula” em São Carlos - Inscrições até dia 24/09/2010

Na próxima sexta-feira (24) terminam as inscrições para o curso gratuito de “Audiovisual em Sala de Aula” em São Carlos. Direcionado para educadores, professores, bibliotecários e interessados que desejam utilizar o cinema como ferramenta pedagógica em sala de aula, a Prefeitura através da Fundação Educacional São Carlos (Fesc) em parceria com o Ministério da Cultura e com recursos do Fundo Nacional de Cultura oferece este curso que será realizada pelo Núcleo de Produção Digital de São Carlos.


Composto por 20 horas, o curso possui 50 vagas que serão divididas em duas turmas. As aulas terão início no próximo dia 27 e poderão ser realizadas no período da manhã ou da tarde. Nas segundas e quintas-feiras, o curso será das 9h às 11h30. Nas quartas e sextas-feiras, o curso acontece das 14h às 16h30.

No período da manhã, as aulas serão ministradas por Mirian Ou. Formada em Audiovisual pela USP e mestranda em Imagem e Som pela UFSCar, Mirian atua como produtora de cinema e televisão, tendo participado de produções como Novo Telecurso (Fundação Roberto Marinho) e Café Filosófico (TV Cultura).

No período da tarde, as aulas serão ministradas pela produtora de audiovisual Marta Kawamura. Formada em Imagem e Som pela UFSCar, com especialização em Educação Ambiental, Marta atua como diretora e produtora de filmes e vídeos na Magma Filmes e coordena atividades de educomunicação.

Inscrições

Para participar, os interessados devem fazer as inscrições exclusivamente pela internet através do site www.saocarlos.sp.gov.br/npd. A seleção dos participantes será realizada através da carta de intenções e do currículo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Programação Setembro de 2010 - SEMPRE ÀS 18 HS - TORRE ON - MORADIA UNICAMP

 12/09 – Flor do deserto. DRAMA. Reino Unido, 2009. Direção de Sherry Horman. 120 min.




Sinopse: Waris Dirie (Soraya Omar-Scego / Liya Kebede) nasceu em uma família de criadores de gado nômades, na Somália. Aos 13 anos, para fugir de um casamento arranjado, ela atravessou o deserto por dias até chegar em Mogadishu, capital do país. Seus parentes a enviaram para Londres, onde trabalhou como empregada na embaixada da Somália. Ela passa toda a adolescência sem ser alfabetizada. Quando vê a chance de retornar ao país, ela descobre que é ilegal da Somália e não tem mais para onde ir. Com a ajuda de Marylin (Sally Hawkins), uma descontraída vendedora, Waris consegue um abrigo. Ela passa a trabalhar em um restaurante fast food, onde é descoberta pelo famoso fotógrafo Terry Donaldson (Timothy Spall). Através da ambiciosa Lucinda (Juliet Stevenson), sua agente, Waris torna-se modelo. Só que, apesar da vida de sucesso, ela ainda sofre com as lembranças de um segredo de infância.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=eJ8XlBbX-xo

Critica: Rubens Ewald Filho. Disponivel em http://noticias.r7.com/blogs/rubens-ewald-filho
Existem temáticas tão fortes, que para não serem rejeitadas pelo público, precisam estar vestidas de uma aparência mais suave, mais palatável.

É o caso desta interessante versão de um best-seller de Waris Dirie, que ao passar para o cinema pelas mãos de uma americana radicada na Alemanha, Sherry Horman (tem 17 outros trabalhos para a TV e cinema mas é desconhecida aqui), precisou de uma embalagem sofisticada e romântica.
Algumas vezes já ouvimos falar da absurda e revoltante prática de certas nações, no caso, a Somália, que quando uma criança feminina tem três anos de idade, é levada para encontrar uma mulher que lhe corta, ritualisticamente, o clitóris e costura a vagina, de forma que ela só poderá ter relações com o marido, que terá que usar uma faca e nunca poderá ter prazer sexual.

Quando são obrigados a voltar ao país, ela foge novamente e vai vivendo nas ruas até conseguir fazer amizade com uma inglesa vendedora de loja de sapatos, feita por Sally Hawkins, que faz tudo muito parecido com o filme anterior dela, Simplesmente Feliz.

Aos poucos vão se revelando seus segredos e ela consegue impressionar um famoso e excêntrico fotógraf(Spall, outro da turma de Mike Leigh), que a leva para uma carreira de modelo, com as dificuldades com passaportes, vistos e tudo o mais, levadas como comédia.
A história de sua castração vai ficar para o final, porque se não tivesse esse jeito de conto de fadas seria quase insuportável. Mas é uma denúncia importante de existir e acontecer, tão estúpida que é difícil de acreditar. Por isso mesmo que este Flor do Deserto é importante e deve ser apoiado.

Mas pela primeira vez, ao menos no cinema comercial, se conta esta história a partir da vida real de uma negra alta e bonita. Waris, que é vivida por uma modelo, belíssima, chamada Liya, que vem da Etiópia, já esteve em O Senhor da Guerra e O Bom Pastor e é modelo de sucesso. Aliás, uma escolha perfeita para o papel.
Além de tudo, ela é boa atriz, natural, espontânea e faz tudo certo. Acontece que Waris conseguiu fugir de casa - e de um casamento arranjado com um homem mais velho - e ir trabalhar com parentes distantes, como serva de uma família que vivia na Inglaterra, como diplomatas



19/09 – Noticias de uma guerra particular. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 1999. Direção de João Moreira Salles e Kátia Lundu. 57 min.




Sinopse: Retrata o cotidiano dos moradores e traficantes do morro da Dona Marta, no Rio de Janeiro, em Notícias de uma Guerra Particular. Resultado de dois anos de entrevistas (entre 1997 e 1998) com personagens que estão de alguma forma envolvidos ou vêem de perto a rotina do tráfico, o documentário contrapõe a todo o momento as falas de traficantes, dos policiais e dos moradores. Notícias de uma Guerra Particular traz cenas desconcertantes, como o garoto de dez anos que diz ter prazer em estar perto da morte, o policial que se orgulha em matar, e as crianças que sabem de cor os nomes das armas e suas siglas.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=zp7KVlft-54

Critica: Marcelo Janot - 14/12/2005. Disponivel em http://www.criticos.com.br/
No momento em que o Rio de Janeiro vive a maior crise de violência de sua história, chega às locadoras um DVD que talvez possa ser considerado um dos lançamentos cinematográficos mais importantes do ano: antes restrito a exibições muito esporádicas, o documentário Notícias de Uma Guerra Particular, de Katia Lund e João Moreira Salles, realizado em 1998/99, agora está disponível para aqueles que quiserem entender um pouco mais a fundo porque vivemos à mercê do medo e da insegurança, no meio de um triângulo nefasto composto por políticos demagogos, polícia corrupta e bandidagem inescrupulosa.

A “guerra particular” a que o título se refere, extraído de uma frase do ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel, é o combate sem trégua entre policiais e traficantes nas favelas cariocas. O filme, realizado sob encomenda da TV francesa, causou impacto na época em que foi lançado por permitir que o espectador do asfalto tivesse acesso ao que se passa no morro sem a abordagem sensacionalista e maniqueísta oferecida pelos veículos de imprensa. Katia e João ouviram do já citado capitão do BOPE ao gerente de tráfico do Morro Dona Marta, Adriano. Depoimentos como o de Gordo, um dos fundadores do Comando Vermelho, de Paulo Lins (em sua primeira entrevista, muito antes do sucesso de Cidade de Deus) e do chefe da Polícia Civil, Helio Luz, traçam um histórico do desenvolvimento do tráfico nas favelas e como ele se encaminhava rumo à barbárie que vemos nos dias de hoje.
Embora algumas das imagens (muitas de arquivo de TVs ou emprestadas de outros documentários) impressionem, como a do jovem soldado do morro apresentando sua farta artilharia, ou a do confronto entre policiais e traficantes à luz do dia, é nos depoimentos que reside a força de Notícias de Uma Guerra Particular, e que infelizmente nos faz perceber, seis anos depois, que não é com atitudes desesperadas tipo blindar o carro ou defender o porte de armas que vamos viver num Rio de Janeiro mais seguro.
Os extras do DVD incluem a ótima faixa de comentário, em que é possível rever o filme e entender a estrutura e os bastidores do documentário com Katia Lund e João Moreira Salles respondendo as perguntas inteligentes do cineasta Eduardo Coutinho e do nosso companheiro de Críticos.com.br, Carlos Alberto Mattos. Estão presentes também a íntegra de algumas entrevistas realizadas para o filme, inclusive a do General Nilton Cerqueira (que ficou de fora), com destaque absoluto para a do músico, “filósofo” e morador da favela Adão Xalebaradã, que virou até tema de curta-metragem do irmão de João, Walter Salles.
Como se isso tudo não bastasse, o filé mignon vem agora: o DVD traz também o documentário Santa Marta: Duas Semanas no Morro, de Eduardo Coutinho, rodado em 1987. Comparando os dois filmes (que têm um intervalo de 11 anos) e os dias de hoje, é assustador ver como a situação se deteriorou. O vídeo de Coutinho deixa muito claro como a força que o tráfico adquiriu nos dias de hoje se deve, em grande parte, à deterioração da relação entre a polícia e os moradores da favela. Se há quase 20 anos, como mostram os depoimentos dos favelados, a polícia já cometia todo tipo de abuso contra os moradores do morro, não é de se estranhar que ao longo desse tempo os traficantes tenham assumido o papel de “defensores da comunidade”, e essa evolução está bem clara nos dois documentários.
Ao mostrar o cotidiano dos moradores da favela, Santa Marta: Duas Semanas no Morro nos revela um período em que quase não se falava da presença de traficantes e “chefes do morro”, como se eles simplesmente não existissem. O foco das reclamações dos moradores estava no tratamento ruim que eles recebiam da polícia em suas incursões ao morro e também na esperança de um futuro em que as desigualdades entre a favela e o asfalto fossem um pouco menores. Um jovem franzino de olho meio puxado elogiava as meninas do morro, mais “liberais”, e reclamava que gostaria de ser desenhista profissional “caso as universidades dessem chance aos pobres”. Este mesmo jovem se transformaria alguns anos depois em Marcinho VP, chefe do tráfico do Dona Marta, e foi com ele que João Moreira Salles conversou e pediu autorização para poder rodar Notícias de Uma Guerra Particular. Acreditando que Marcinho ainda poderia se regenerar e voltar a ser aquele de 1987, lhe ofereceu uma bolsa mensal para que ele escrevesse um livro e largasse o tráfico. O livro nunca foi escrito, Marcinho foi preso e em 2003 foi encontrado morto dentro de uma lixeira no presídio de Bangu 3, onde cumpria pena.



26/09 – Alice no País das maravilhas. AVENTURA. EUA, 2010. Direção e Tim Burton. 108 min.




Sinopse: Diferente da história já conhecida, dessa vez Alice (Mia Wasikowska), ao 17 anos, vai a uma festa vitoriana e descobre que está prestes a ser pedida em casamento perante centenas de socialites. Ela então foge, seguindo um coelho branco, e vai parar no País das Maravilhas, um local que ela visitou há dez anos, mas não se lembrava. Lá conhece personagens como os irmãos gêmeos. Tweed le-Dee e Tweedle-Dum, o Gato Risonho, a Lagarta, toma chá com a Lebre Maluca e o Chapeleiro Louco e participa de um jogo de cricket com a Rainha de Copas.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=uJqMRLFezbo&feature=related

Critica por Demetrius Caesar, em 09/03/2010. Disponivel em http://www.cineplayers.com/
Alice no País das Maravilhas não é o grande filme que muitos gostariam porque o diretor Tim Burton nunca foi muito bom em narrar histórias. Seus filmes em geral têm roteiros ruins e a ação não é seu forte, mesmo que algumas obras, como Edward Mãos de Tesoura, as tramas sejam belas. Ao contar a superconhecida história de Alice, as cenas de ação não funcionam e o final, com Alice tendo de matar um monstro gigantesco, Jabberwocky, simplesmente não convence - mas, sinceramente, quem se importa?

Em alguns momentos, os dois universos, de Lewis Carroll e de Tim Burton, unem-se de maneira interessante. Só não vá esperando os maneirismos, as facilidades, os reducionismos e os clichês de um James Cameron em Avatar ou mesmo o gótico anódino e asséptico da Hogwarts de Harry Potter. A Wonderland de Tim Burton não é aprazível nem foi feita para agradar. Alice dificilmente encontrará lá um ambiente idílico e propício para a fuga: seus melhores amigos são seres para lá de bizarros, na maioria das vezes viciados. Caberá a Burton humanizá-los, e essa é uma das melhores coisas do filme.
Helena Boham Carter e o gato de Alice, Cheshire, são os maiores destaques. No caso do gato, é o melhor que o 3D trouxe ao filme. Tim Burton, desconfiado da nova tecnologia, não quis filmar com as famosas câmeras 3D de Avatar e Os Fantasmas de Scrooge (de Robert Zemeckis). Fez tudo no tradicional e depois convertou o resultado final. Talvez por isso por vezes a tecnologia atrapalha mais do que ajuda na narrativa e em muitos casos, bastante óbvia, incomoda. Nesse caso, a imersão de Avatar faz mais sentido: o 3D, pelo menos por enquanto, funciona melhor em filmes que envolvam lutas, explosões, guerras – o chamado "cinema físico.
Na adaptação, feita por Linda Woolverton, roteirista de A Bela e a Fera e O Rei Leão, a maior mudança é a idade da protagonista, agora com 19 anos. É um dos grandes acertos do filme, pois o livro é visto por muitos como cheio de insinuações à pedofilia (Lewis Carroll era fotógrafo e adorava registrar garotinhas). Esse tipo de peso poderia arruinar a obra. Tim Burton deixou as muitas insinuações aos alucinógenos, seja no fumacê que Absolum, a larva azul sábia (voz de Alan Rickman), solta sem parar, seja nas poções e chás esquisitissímos tomados pelos personagens.
Helena Boham Carter, com sua cabeçona (interpretava sempre para uma câmera especial para deformar sua figura), tem o melhor da animação, da computação gráfica e dos efeitos especiais em si e ao seu lado. Tim Burton, seu marido, com quem tem dois filhos, utilizou vários processos de animação, mesmo com massinha, para compor a aberrante corte da Rainha (mistura da Rainha de Copas, de As Aventuras de Alice nos País das Maravilhas, e a Rainha Vermelha, de Alice Através do Espelho, a continuação do primeiro livro – em ambos é baseada a história).
Burton disse ter visto mais de 60 versões, entre filmes, seriados ou quadrinhos, de Alice nos seus 55 anos de vida. Reclama que a maioria não funcionou justamente por serem muito apegadas ao original e muito "literárias". Preferiu propositalmente apegar-se aos personagens e dar-lhes sua visão pessoal. Pode ser que a fraqueza do filme esteja aqui, ao não focar na narrativa, mas é com certeza um de seus pontos fortes também: a maneira como Burton apresenta todos, sempre compreensivo e interessado, mostrando as bizarrices sem nenhum constrangimento, como os mortos de A Noiva Cadáver, perfeitamente bem no que restou de suas peles. E Johnny Depp ajuda, com seu misto de ternura e loucura, nesse processo de humanização.
Burton prefere os diferentes. Injeta neles uma carga de humanidade que os tira dos estereótipos. Neste Alice in Wonderland, dá contornos impensáveis seja até mesmo para a imaculada Rainha Branca (Anne Hathaway). Seus monstros têm coração, seus loucos, lucidez. Se a Rainha Vermelha é má é porque sofre de solidão e pelo fato de negar sua condição física. Os outros personagens não têm esse tipo de problema – riem de si próprios e suas limitações.
Como já notou parte da crítica, de todos os personagens, justamente Alice é que teve o desenvolvimento menos satisfatório. Em pânico por ter de se casar, Alice foge e mais uma vez cai na toca do coelho. Durante sua estadia em Wonderland (ou Underland), vai aprender conhecer a si própria, adquirir auto-confiança e enfim poder voltar à vida real preparada para o que a espera. É decepcionante sim. O melhor do filme está na hipnótica direção de arte, na multidão de pequenos achados que tanto enriquecem seus filmes. O melhor de Tim Burton está nos detalhes.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Encontro Latinoamericano de cinema!!

Acaba de ocorrer o XIV Encontro Latinoamericano de cine, em Lima-Peru e o grande vencedor foi o brasileiro "Hotel Atlântico" da diretora Suzana Amaral, que recebeu o premio do jurado de melhor filme de ficcção e melhor diração. Segundo site do evento, o filme ganha pela originalidade, sabedoria e maturidade de sua linguagem cinematográfica.
Veja o trailler do filme: http://www.youtube.com/watch?v=O6dtv2AlJ7I

Foram entregues 20 premios e dentre os filmes ganhadores estão:

AGUA FRÍA DE MAR de Paz Fábrega (Costa Rica) - Premio Especial do jurado de ficção

 ROMPECABEZAS para MARÍA ONETTO  (Argentina) - Melhor atriz
Veja o trailler: http://www.youtube.com/watch?v=2KZNj4-iggM

ZONA SUR para PASCUAL LOAYZA en Zona Sur (Bolivia) - Melhor ator
Veja o trailler: http://www.youtube.com/watch?v=BpsDFMDN5JA

OCTUBRE para DANIEL Y DIEGO VEGA (Perú) - Melhor roteiro
Veja o trailler: http://www.youtube.com/watch?v=GTjMvxBQbz4

VIAJO PORQUE NECESSITO, VOLTO PORQUE TE AMO de Marcelo Gomes y Karim Ainouz (Brasil) - Menção especial do juri oficial

CUCHILLO DE PALO de Renate Costa (Paraguay) - Melhor documentário

Otros filmes ganhadores e mais informações sobre o festival:
http://www.festivaldelima.com/2010/

domingo, 15 de agosto de 2010

Festival de Gramado

Folha On line  - 15/08/2010   ( http://www.folha.uol.com.br/ )


"Bróder", de Jeferson De, recebe o prêmio de melhor filme em Gramado

DE SÃO PAULO

O filme "Bróder", do diretor Jeferson De, foi o grande vencedor da 38ª edição do Festival de Cinema de Gramado. O longa levou os três principais "Kikitos" (nome do troféu) da noite: o de melhor filme, melhor diretor e melhor ator -- Caio Blat. A trilha sonora, de João Marcello Bôscoli e Jeferson De, e a montagem, desenvolvida pelo diretor e por Quito Ribeiro, também foram premiadas.
Edison Vara /Divulgação - Pressphoto.
Jeferson De (à esq.) e Caio Brat (à dir.) receberam os prêmios de melhor diretor e melhor ator por "Bróder"
O longa "Não se Pode Viver Sem Amor", de Jorge Duran, recebeu os prêmios de melhor atriz (Simone Spoladore), melhor roteiro e melhor fotografia.
O filme "O Último Romance De Balzac", de Geraldo Sarno, levou o prêmio de melhor direção de arte e o prêmio especial do júri. Já "O Diário de uma Busca", de Flávia Castro, foi eleito o melhor filme pela crítica e pelo júri estudantil.
Entre os longa-metragens estrangeiro, o documentário chileno "Mi Vida Con Carlos", de German Berger, recebeu os prêmios de melhor filme, melhor fotografia e também foi eleito o melhor filme pelo júri popular.
O curta "Haruo Ohara", de Rodrigo Grota, levou os Kikitos de melhor diretor e melhor filme, que dividiu com "Carreto", de Claudio Marques e Marilia Hughes. Este último também foi premiado como o melhor roteiro no formato.
Veja a lista completa dos ganhadores:
Longa-metragem brasileiro
Melhor Filme de Longa-metragem: "Bróder", de Jeferson De
Melhor Diretor: Jeferson De, por "Bróder"
Melhor Ator: Caio Blat, por "Bróder"
Melhor Atriz: Simone Spoladore, por "Não Se Pode Viver Sem Amor"
Melhor Roteiro: Dani Patarra e Jorge Dúran, por "Não Se Pode Viver Sem Amor"
Melhor Fotografia: Luis Abramo, por "Não Se Pode Viver Sem Amor"
Melhor Trilha Musical: João Marcello Bôscoli e Jeferson De, por "Bróder"; e Jonh Ulhoa, Ruben Jacobina e Diamantino Feijó, por "Ponto Org"
Melhor Montagem: Quito Ribeiro e Jeferson De, por "Bróder"
Melhor Direção de Arte: Ana Dominoni, por "O Último Romance De Balzac"
Prêmio Especial do Júri: "O Último Romance De Balzac", de Geraldo Sarno
Prêmio da Crítica: Melhor Filme: "Diário De Uma Busca", de Flavia Castro
Prêmio do Júri Popular: Melhor Filme: "180º", de Eduardo Vaisman
Prêmio Do Júri Estudantil: Melhor Filme: "Diário De Uma Busca", de Flavia Castro
Longa-metragem estrangeiro
Melhor Filme: "Mi Vida Con Carlos", de German Berger
Melhor Diretor: Nicolas Pereda, por "Perpetuum Mobile"
Melhor Ator: Gabino Rodriguez, por "Perpetuum Mobile"; e Martin Piroyansky, por "La Vieja De Atras"
Melhor Atriz: Alma Blanco, por "La Yuma"
Melhor Roteiro: Pablo Jose Meza, por "La Vieja De Atras"
Melhor Fotografia: Miguel Littin, por "Mi Vida Con Carlos"
Prêmio Especial Do Júri: "La Yuma", de Florence Jangey
Prêmio da Crítica: Melhor Filme: "El Vuelco Del Cangrejo", de Oscar Ruiz Navia
Prêmio do Júri Popular: Melhor Filme: "Mi Vida Com Carlos", de German Berger
Prêmio do Júri Estudantil: Melhor Filme: "El Vuelco Del Cangrejo", de Oscar Ruiz Navia
Premiação - curta 35 MM e digital
Melhor Filme: "Carreto", de Claudio Marques e Marilia Hughes; e "Haruo Ohara", de Rodrigo Grota
Prêmio Especial do Júri: "Os Anjos Do Meio Da Praça", de Alê Camargo e Camila Carrossine
Melhor Diretor: Rodrigo Grota, por "Haruo Ohara"
Melhor Ator: Flavio Bauraqui, por "Ninjas"
Melhor Atriz: Elisa Volpatto, por "Um Animal Menor"
Melhor Roteiro: Claudio Marques e Marilia Hughes, por "Carreto"
Melhor Fotografia: Carlos Ebert, por "Haruo Ohara".
Melhor Trilha Musical: Marcelo Fruet, Boto Stanley e Augusto Canani, por "Amigos Bizarros do Ricardinho"

Melhor Montagem: Paulo Sacramento, por "Ninjas"

Melhor Direção de Arte: Vicente Saldanha, por "Amigos Bizarros do Ricardinho"
Prêmio da Crítica: Melhor Filme: "Babás", de Consuelo Lins
Prêmio do Júri Popular: Melhor Filme: "Ratão", de Santiago Dellape.
Prêmio Estudantil: Melhor Filme: "Haruo Ohara", de Rodrigo Grota
Mostra Panorâmica:
Melhor Filme: "Terra Deu, Terra Come", de Rodrigo Siqueira
Mostra Gaúcha - Prêmio Assembléia Legislativa De Cinema (35mm E Digital)
Melhor Filme: "Um Animal Menor", de Pedro Harres e Marcos Contreras
Melhor Direção: William Meyer, por "Eu e o Cara da Piscina"
Melhor Roteiro: Pedro Harres e Marcos Contreras, por "Um Animal Menor"
Melhor Fotografia: Bruno Polidoro, por "Um Animal Menor" e "Peixe Vermelho"
Melhor Direção de Arte: Lívia Santos, por "Eu e o Cara da Piscina"
melhor Música: Jean Pierre Caron e Rafael Sarpa, por "Peixe Vermelho"

melhor Montagem: Denise Marchi, por "Eu e o Cara da Piscina"
Melhor Edição de Som: Gabriela Bervian, por "Peixe Vermelho"
Melhor Produtor/ Produtor Executivo: Ana Adams, por "Peixe Vermelho"
Melhor Ator: Fernando Mantelli, por "Limbo"
Melhor Atriz: Araci Esteves, por "Maldita"

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Programação Agosto de 2010

08/08 – A Culpa é do Fidel. Drama, França/Itália. 2006. Direção: Julie Gravas.


Sinopse: Anna de la Mesa tem 9 anos, mora em Paris e leva uma vida regrada e tranqüila, dividida entre a escola católica e o entorno familiar. O ano é 1970 e a prisão e morte do seu tio espanhol, um comunista convicto, balança a família. Ao voltar de uma viagem ao Chile, logo após a eleição de Salvador Allende, os pais de Anna estão diferentes e a vida familiar muda por completo: engajamento político, mudança para um apartamento menor, trocas constantes de babás, visitas inesperadas de amigos estranhos e barbudos. Assustada com essa nova realidade, Anna resiste à sua maneira. Aos poucos, porém, realiza uma nova compreensão do mundo.

Veja o Trailler:

http://www.youtube.com/watch?v=PG_wze_teCk

CRÍTICA DO FILME (O Globo, por Daniel Levi, 24/12/2007 )
RIO - "A culpa é do Fidel!", de Julie Gavras, foi um dos filmes de maior sucesso no último Festival doRio. O título forte, ao mesmo tempo em que chama a atenção, desvia o olhar da verdadeira essência do longa francês que, inteligente e sensível, trata de relações familiares e, fundamentalmente, de autoconhecimento, amadurecimento e crescimento. O melhor filme do ano é um estudo sobre como crescer, aqui personificado pela figura de Anna (Nina Kervel-Bey). Nina carrega o filme inteiro nas costas, já que sua performance é não menos do que perfeita em todas as cenas dos quase 100 minutos de sua duração. Seu desempenho é não somente de gente grande como, se houvesse inteligência e coragem por parte dos jurados do Oscar, ela poderia e deveria concorrer pela estatueta de atriz principal.

Na Paris de 1970, Anna, de nove anos de idade, linda, caprichosa e sempre com os cabelos perfeitamente penteados, leva uma vida de princesa. Ela mora em uma mansão com seus pais, Fernando (Stefano Accorsi) e Marie (Julie Depardieu), o irmão de cinco anos, François (Benjamin Feuillet), e a babá, Filomena (Marie-Nöelle Bordeaux), uma exilada cubana. Anna come do bom e do melhor e se diverte brincando em seu imenso jardim.

Com a chegada de Marga (Mar Sodupe), sua tia, tudo muda na vida de Anna. Com um pano de fundo no qual figuram Franco, De Gaulle e Salvador Allende, Anna vai percebendo que há uma cisão clara entre o que seus pais pensam e o que seus avós e sua babá - seus verdadeiros provedores de afeto e carinho - acreditam.

Assim, Anna "descobre" que seus pais estão andando com "los barbudos", seres vermelhos e de barba. Que além de Fidel Castro estar deixando todos loucos, ele quase causou uma guerra nuclear e está transformando seus pais em comunistas. Anna logo conclui que, então, "a culpa é do Fidel". Ela "aprende" também que os comunistas são estudantes, trabalhadores, pessoas comuns, cuja maioria é pobre. O que eles querem? Tudo: nossas casas, terras, roupas, dinheiro, brinquedos. Por quê? Porque não gostam de nós. François, seu pequeno irmão, lembra que Papai Noel é barbudo e vermelho. Seria ele um comunista a favor de uma guerra nuclear?

Por outro lado, os pais de Anna (esta cada vez mais despenteada e intolerante) a proíbem de freqüentar as aulas de religião e de ler os gibis de Mickey Mouse, um "fascista simbolo do imperialismo". Daí para Anna explodir não falta muita coisa. Conservadora, ela adora estudar em uma escola católica, e aprecia o catecismo e o contato com as freiras. Taxada de reacionária por seus pais e amigos barbudos, ela é obrigada a encarar de frente - e sentir na pele - as conseqüências das mudanças ocorridas no período em que se passa o filme, os anos de 1970 e 1971.

Mudanças estas diretamente ligadas a Maio de 1968, e que mostrarão a Anna que viver é muito mais do que um conto de fadas ou histórias sobre princesas, as suas preferidas. Toda essa conjuntura, aliada à comida ruim, casa pequena e cabelo despenteado, obriga Anna a ter atitudes, tomar decisões, definir posturas. Ao pôr a cabeça para pensar, ela tem a possibilidade de refletir sobre sua vida e a dos outros. Sobre o mundo em que vive e sobre a família da qual faz parte. Pode ver a dualidade das coisas e forçar a reflexão de pessoas próximas a ela, fazendo com que todos tenham a chance de entrar em contato com uma nova visão - mais ampla - da existência em si.

Fato é que "A culpa é do Fidel!" é o melhor filme do ano, ao lado da produção alemã "A vida dos outros". Esplendidamente fotografado, escrito e dirigido, o longa francês tem ótimos diálogos, cenas densas, impactantes e divertidas, e um elenco de primeira, encabeçado por Nina, escolhida entre 1000 crianças. Longe de ser um panfleto a favor ou contra o comunismo, o filme nada mais é do que uma brilhante história sobre Anna aprendendo a crescer e descobrindo que o mundo não é só preto ou branco. Longe de fazer um filme político, ou uma obra de propaganda, Julie Gavras realizou um trabalho emocionante, que toca de forma profunda seu objeto de estudo e destinação: o humano.



15/08 – Crash – No limite. Drama. EUA. 2004. Diração: Paul Haggis.


Sinopse: O filme mostra o encontro de vários personagens totalmente diferentes nas ruas de Los Angeles: uma dona-de-casa e seu marido, promotor público, da alta sociedade; um lojista persa; um casal de detetives da polícia - ele afro-americano, ela latina -, que também são amantes; um diretor de televisão afro-americano e sua esposa; um mexicano especialista em chaves; dois ladrões de carros da periferia; um policial novato; e um casal coreano de meia-idade. Todos vivem em Los Angeles e cada um tem sua própria história. Nas próximas 36 horas, eles vão se encontrar

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=2EuPCwPGVQo

Por Andy Malafaya ( www.cineplayers.com ) - 29/10/2005
Uma obra-prima que coloca seus personagens em situações extremas. Imperdível!
Poucas são as vezes que nos damos ao luxo de pararmos e refletirmos sobre nós mesmos. É da condição humana deixar esquecido o que realmente somos, para agirmos de acordo com as regras impostas pelo convívio em sociedade. Essa personalidade que muitas vezes pensamos nem mais existir acabam vindo à tona, geralmente em situações das mais inapropriadas, aquelas no qual estamos enraivecidos, nervosos, descontrolados. Situações extremas, enfim. Nada mais apropriada, portanto, uma das frases de divulgação de Crash - No Limite: "Você pensa que conhece a si mesmo. Você não faz idéia".
É justamente essa a questão que aborda Paul Haggis, diretor e roteirista do filme. Com vasta experiência na televisão americana, onde trabalhou em diversas séries, e com um filme no currículo (Hoje É Dia de Rock, que foi lançado diretamente em vídeo), ele "surgiu" finalmente no cinema quando escreveu e produziu o premiado Menina de Ouro, de Clint Eastwood, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de roteirista. Haggis, hoje com 52 anos, acumulou experiência suficiente para almejar algo grande o bastante para si mesmo, que acabou se traduzindo em Crash - No Limite. A partir de uma idéia surgida quando ele próprio se envolveu em um acidente automobilístico, Haggis criou um painel entrelaçando diversos personagens sem aparente conexão na Los Angeles, um dos grandes celeiros de diversidade da América atual. Los Angeles, aliás, parece ser o cenário preferido para este tipo de filme. Robert Altman já tinha utilizado a cidade em seu primoroso Short Cuts - Cenas da Vida, e Paul Thomas Anderson incrustou o subgênero no mapa com o magnífico Magnólia, um dos mais importantes filmes da década passada. Não por acaso que Haggis a escolheu para traçar sua história sobre identidade e racismo.
A forma como Haggis desenvolve sua história é crua e direta, sem qualquer tipo de concessão. Talvez, por isso mesmo, o filme seja tão curto (menos de duas horas de filme) e tão poderoso. Desde os primeiros minutos até a conclusão, a sensação que o filme passa é de excitação constante, como se a intenção fosse nos tirar o fôlego. Talvez, por nos vermos ali, em cada personagem, em cada situação apresentada. Uma, em especial, é das mais aterrorizantes para qualquer cidadão de classe média: quando uma rica dondoca (Sandra Bullock, finalmente uma grande atriz, não uma estrela) humilha o seu empregado chicano (o sensível Michael Pena, uma grata revelação). A habilidade do roteiro cria toda uma estrutura para que essa cena seja primordial para o funcionamento do filme. A mulher, fragilizada, amedontrada e só, encontra naquele homem simples uma forma de despejar toda a sua frustração com a vida. Mais comum, impossível. E por isso mesmo, tão impactante. É a classe vendo a si mesmo de forma crua e inesperada. Algo que Beleza Americana fez em um outro contexto e com outros propósitos. Mas com igual impacto.
O filme basicamente se concentra em pequenos núcleos dramáticos que aos poucos vão se relacionando e despindo as camadas que compõe cada personagem e cada situação. Temos, por exemplo, o rico casal negro que é desestruturado ao sofrer uma abusiva revista policial. Ou a amedrontada família persa que, em pós 11 de Setembro, ainda tenta fixar raízes em um país que os renega. Ou ainda a dupla de jovens negros assaltantes que fogem a qualquer estereótipo.
Não há espaço no roteiro para personagens principais. Todos são relevantes na mesma proporção, com igual importância para a trama. Todos absolutamente críveis e condizentes com seus atos - não há espaço aqui para redenção ou maniqueísmos, duas das armadilhas mais comuns nas quais o roteiro poderia se ancorar. Alguns personagens são construídos com o desenvolver da história, outros são magnificamente desconstruídos (a personagem do policial honesto interpretado por um contido Ryan Phillippe é o maior exemplo).
É ótimo perceber que Haggis não se intimidou com a direção do longa. Que é ótimo roteirista, isso já sabíamos, mas como diretor era praticamente uma incógnita. Além de preservar um ritmo sufocante (um ótimo trabalho também de edição), ele provou ser um ótimo diretor de atores também, já que extraiu performances arrebatadoras de um elenco muitas vezes visto como descartável. Uma prova que atores bem dirigidos podem render muito bem em mãos seguras. Que o diga Matt Dillon, na pele de um amedrontador policial, que lhe rendeu as melhores críticas de sua carreira. Ou Thandie Newton, absolutamente fantástica na pele de uma mulher em frangalhos após uma acareação, que reencontra o seu algoz no momento em que sua vida está por um fio. Há ainda que se citar Terrence Dashon Howard, como o impotente marido que não sabe o que fazer ao perceber que está perdendo sua mulher sem que possa fazer qualquer coisa para reverter a situação.
Toda essa coragem ao colocar o dedo na ferida que todos tentam esconder rendeu dividendos incalculáveis para Haggis (e alguns detratores hipócritas também). Seu filme, que custou apenas seis milhões de dólares, rendeu quase dez vezes mais (uma proporção incrível em se tratando de uma produção de baixíssimo custo), catapultando-o para o hall dos grandes nomes do cinema atual e com muitas perspectivas nas premiações do próximo ano (o filme foi lançado nos Estados Unidos ainda no primeiro semestre, e mesmo assim ainda segue como nome "forte"). Haggis conseguiu que durante duas horas nos espelhássemos naquilo que estávamos vendo e que pudéssemos parar posteriormente, respirar e analisar nossas atitutes. Talvez amanhã. Ou quando nevar novamente em Los Angeles.



22/08 – Jogo de Cena. Documentário. Brasil. 2007. Direção: Eduardo Coutinho



Sinopse: Atendendo a um anúncio de jornal, 83 mulheres contaram sua história de vida em um estúdio. 23 delas foram selecionadas, em junho de 2006, sendo filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em setembro do mesmo ano várias atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas por estas mulheres.

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=i2UbAt6lTL8

Por Geo Euzebio, em 23/11/2007 ( http://www.cineplayers.com/ )
Coutinho nos põe no palco para nos dar lições de melodrama unida a documentarismo, e ainda revela muito sobre o conhecido mimetismo do ator.
O título deste que é o mais recente trabalho de Eduardo Coutinho já é suficientemente revelador: aqui é o "Jogo de Cena" que nos interessa. E a produção busca como alimento para as interpretações que promove histórias reais, desafiando assim ainda mais os atores (no caso, as atrizes), pois suas personagens são criações não-dramáticas sobre as quais se pode obviamente criar, contanto que se suporte o peso da realidade envolvida.
E é esse o jogo: a produção pôs um anúncio de jornal solicitando mulheres que se dispusessem a falar de si mesmas diante das câmeras. Foram 83 as respostas, das quais 23 foram selecionadas. Meses depois no Teatro Glauce Rocha no Rio de Janeiro, atrizes foram convidadas para interpretar as histórias escolhidas.
Assim que entramos no documentário (que os próprios produtores nomearam como "impuro" por incorporar atrizes) as coisas – aparentemente normais – parecem fora de lugar: mulheres comuns parecem assumir o lugar das atrizes, entrando num palco para interpretar algumas histórias, que podem lhes pertencer ou não. A partir daí seguimos os relatos sendo contados e entrecortados por mais de uma, às vezes mais de duas vozes, que se complementam completando a história. Disso surge a pluralidade de interpretações de um mesmo texto, que ainda que seja o mesmo, não se repete, apesar de resguardar os sentimentos do discurso original.
Isso é o mais instigante em Jogo de Cena: a brincadeira é com o ato de interpretar: interpretar os outros ou interpretar a si mesmo são apenas níveis diferentes de uma mesma ação. São três as atrizes ‘profissionais’ que passam pela experiência: Andréa Beltrão, que ao interpretar um dos relatos, revela algumas escolhas pessoais e se emociona por não crer no mesmo que sua personagem, deixando claro que em geral é difícil não se deixar envolver; Fernanda Torres que entra em cena gesticulando de forma parecida com sua personagem, no que é interrogada por Coutinho e responde: "Ué, pensei que era assim! Isso parece um teste!" Assim ela faz também uma pequena reflexão sobre como "sentiu" a personagem, terminando por contar uma incrível história que não se pode dizer se aconteceu com ela ou com outra pessoa, ou sequer se realmente aconteceu; e Marília Pêra que de início pareceu tímida, interpretando aquela mulher que dizia chorar sempre que assiste ao filme Procurando Nemo, é a mais impessoal das atrizes, se limitando a interpretar e até cantar como a personagem. Marília leva ao palco do filme uma curiosidade: o tal cristal japonês usado para fazer brotarem lágrimas. Ela diz que foi preparada caso Coutinho quisesse muito vê-la chorar.

Com exceção das atrizes conhecidas, é muito difícil reconhecer quem está contando sua própria história ou quem as está somente interpretando. Vemos a história da mulher que conheceu um motorista de ônibus (ou de metrô?). Em poucos minutos de conversa a coisa já esquenta entre os dois. Tempos depois ela descobre estar grávida de um homem com quem se relacionou por apenas alguns minutos e nunca mais viu. E tudo parece tão "acreditável" que eu cheguei a ficar com raiva quando ela termina sua participação com: “E foi assim que ela disse!"
Mesmo com a repetição dos relatos, que já sabemos intencional, é impossível não se emocionar duas ou três vezes com a mesma história. Na primeira vez que ouvimos aquela mãe contando sobre o filho que morre e volta em forma de anjo para lhe confortar, o sentimento é forte. Na segunda vez você pensa que vai ser ridículo chorar de novo, mas ainda assim se emociona. E foi aqui que eu encontrei talvez outra peça pra entender o filme de Coutinho: além de nos pôr dentro do jogo de interpretar, ele abusa da chamada "suspensão voluntária da descrença", quando o espectador é levado pelo enredo e a representação a, conscientemente, "esquecer" que está diante de uma obra de ficção e se deixa emocionar. Logo depois de nos instalar confortavelmente em nossas poltronas de confiança, ele nos joga na cara a verdade da representação e eu me senti enganada. Mas tão bem enganada que fico feliz de ter ido à sessão.
É na base da desconstrução que caminha o filme, conquistando nossa confiança e seguidamente nos traindo, mostrando a impureza desse documentário com atrizes, que utiliza um vínculo inegável com a realidade para nos embebedar pelo sentimento das histórias contadas, nos dando uma lição de como usar os efeitos melodramáticos (e aqui se entenda o termo melodrama como um sinônimo da utilização de fórmulas e efeitos fáceis já conhecidos que proporcionam o envolvimento do público, apoiado por elementos que ajudam a induzir a platéia ao choro ou a um sentimentalismo exagerado).

Eduardo Coutinho sempre surpreende. Com trabalhos que o consagraram como um dos melhores documentaristas brasileiros (vide o clássico Cabra Marcado Para Morrer, ou o recente Edifício Master) dessa vez mostra uma diferente possibilidade de relacionar documentário e ficção, movendo-nos para cima do palco – um dos símbolos da arte de interpretar – mostrando-nos, sempre ao fundo, aquela platéia vazia e nos levando a acreditar que migramos de um processo a outro, de modestos espectadores à parte da equipe do filme. Mas antes mesmo do final você percebe que está diante de uma obra que manipula os espectadores da mesma forma que movimenta as câmeras: às vezes como um olho que olha os outros; às vezes como alguém que enxerga a si mesmo. E nesse caso, mas só nesse, ser manipulado parece interessante...



29/08 – A onda. Drama. Alemanha. 2008. Direção: Dennis Gansel.


Sinopse: um professor de ensino médio Rainer Wenger (Jürgen Vogel) propõe uma experiência com o objetivo de explicar a seus alunos como um governo totalitário funciona. Dentro de poucos dias, o projeto de ideias inofensivas dá origem a um movimento real e perigoso chamado "a onda".

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=eHR-Yz15tuQ

CRÍTICA DO FILME (Blog Portal de Cinema, 17/01/2009)

Com tanta oferta cinematográfica de maior ou menor qualidade, existem sempre aqueles pequenos objectos de culto que fazem a diferença. "Die Welle" é desses objectos e se tivesse direito a uma maior projecção seria um daqueles filmes que faria concorrência a muitos blockbusters.
O filme é baseado em factos reais, numa experiência chamada "The Third Wave" onde o professor Ron Jones questionou os seus alunos da génese de um movimento como o nazismo. No filme a discussão é a mesma sendo que a questão que se coloca : Será possível viver uma nova ditadura na Alemanha? Inserida num projecto de uma semana, o professor incute-lhes alguns princípios adoptados pelo regime como a importância de unicidade num grupo, a utilização de uniformes, uma postura correcta e ordenada. O certo é que os alunos começam a adoptar essa postura e começam a aceitar e interiorizar esses mesmos conceitos e como uma mancha o projecto começa a ganhar novos adeptos chegando a proporções que levam a um clímax dramático.

Tecnicamente o filme não é nenhuma obra prima, as actuações do elenco jovem estão seguras e não desiludem. Podíamos estar perante um objecto menor do calibre de "Morangos com Açúcar" mas não é o caso, se bem que inevitavelmente existem alguns clichés próprios de este género de filmes (o caso mais recente Twilight), "A Onda" preocupa-se mais em transmitir a sua mensagem e fá-lo de forma natural sem nunca o tornar forçado.

A única crítica de maior que reitero é relativamente ao final. Sem querer dar qualquer tipo de "spoilers" e sem conhecer a veracidade dos factos é inegável que se obtém a resposta à questão principal do filme, porém a mensagem que esse final transmite pode levar a outras interpretações algo falaciosas e erráticas, isto porque a percepção com que se fica é que o filme atinge o seu clímax dramático final por força de argumento, sendo que a verdade ficcional impera sobre a realidade num opus de dramatismo e de tragédia algo exagerado, mas eficaz em termos de impacto em públicos mais susceptíveis.

Numa sociedade cada vez mais ambivalente em termos de valores culturais, isentos de qualquer tipo de ordenação e cada vez mais descaracterizadas, basta uma pessoa com carisma suficiente a oferecer um sentido de ordem, unidade e identidade a um grupo, que facilmente moverá massas. Crítico sem nunca cair no burlesco " A Onda" é um pequeno grande filme a ser descoberto antes que se desvaneça no oceano de oferta cinematográfica que aí vem!