08/08 – A Culpa é do Fidel. Drama, França/Itália. 2006. Direção: Julie Gravas.
Veja o Trailler:
http://www.youtube.com/watch?v=PG_wze_teCk
CRÍTICA DO FILME (O Globo, por Daniel Levi, 24/12/2007 )
RIO - "A culpa é do Fidel!", de Julie Gavras, foi um dos filmes de maior sucesso no último Festival doRio. O título forte, ao mesmo tempo em que chama a atenção, desvia o olhar da verdadeira essência do longa francês que, inteligente e sensível, trata de relações familiares e, fundamentalmente, de autoconhecimento, amadurecimento e crescimento. O melhor filme do ano é um estudo sobre como crescer, aqui personificado pela figura de Anna (Nina Kervel-Bey). Nina carrega o filme inteiro nas costas, já que sua performance é não menos do que perfeita em todas as cenas dos quase 100 minutos de sua duração. Seu desempenho é não somente de gente grande como, se houvesse inteligência e coragem por parte dos jurados do Oscar, ela poderia e deveria concorrer pela estatueta de atriz principal.
Na Paris de 1970, Anna, de nove anos de idade, linda, caprichosa e sempre com os cabelos perfeitamente penteados, leva uma vida de princesa. Ela mora em uma mansão com seus pais, Fernando (Stefano Accorsi) e Marie (Julie Depardieu), o irmão de cinco anos, François (Benjamin Feuillet), e a babá, Filomena (Marie-Nöelle Bordeaux), uma exilada cubana. Anna come do bom e do melhor e se diverte brincando em seu imenso jardim.
Com a chegada de Marga (Mar Sodupe), sua tia, tudo muda na vida de Anna. Com um pano de fundo no qual figuram Franco, De Gaulle e Salvador Allende, Anna vai percebendo que há uma cisão clara entre o que seus pais pensam e o que seus avós e sua babá - seus verdadeiros provedores de afeto e carinho - acreditam.
Assim, Anna "descobre" que seus pais estão andando com "los barbudos", seres vermelhos e de barba. Que além de Fidel Castro estar deixando todos loucos, ele quase causou uma guerra nuclear e está transformando seus pais em comunistas. Anna logo conclui que, então, "a culpa é do Fidel". Ela "aprende" também que os comunistas são estudantes, trabalhadores, pessoas comuns, cuja maioria é pobre. O que eles querem? Tudo: nossas casas, terras, roupas, dinheiro, brinquedos. Por quê? Porque não gostam de nós. François, seu pequeno irmão, lembra que Papai Noel é barbudo e vermelho. Seria ele um comunista a favor de uma guerra nuclear?
Por outro lado, os pais de Anna (esta cada vez mais despenteada e intolerante) a proíbem de freqüentar as aulas de religião e de ler os gibis de Mickey Mouse, um "fascista simbolo do imperialismo". Daí para Anna explodir não falta muita coisa. Conservadora, ela adora estudar em uma escola católica, e aprecia o catecismo e o contato com as freiras. Taxada de reacionária por seus pais e amigos barbudos, ela é obrigada a encarar de frente - e sentir na pele - as conseqüências das mudanças ocorridas no período em que se passa o filme, os anos de 1970 e 1971.
Mudanças estas diretamente ligadas a Maio de 1968, e que mostrarão a Anna que viver é muito mais do que um conto de fadas ou histórias sobre princesas, as suas preferidas. Toda essa conjuntura, aliada à comida ruim, casa pequena e cabelo despenteado, obriga Anna a ter atitudes, tomar decisões, definir posturas. Ao pôr a cabeça para pensar, ela tem a possibilidade de refletir sobre sua vida e a dos outros. Sobre o mundo em que vive e sobre a família da qual faz parte. Pode ver a dualidade das coisas e forçar a reflexão de pessoas próximas a ela, fazendo com que todos tenham a chance de entrar em contato com uma nova visão - mais ampla - da existência em si.
Fato é que "A culpa é do Fidel!" é o melhor filme do ano, ao lado da produção alemã "A vida dos outros". Esplendidamente fotografado, escrito e dirigido, o longa francês tem ótimos diálogos, cenas densas, impactantes e divertidas, e um elenco de primeira, encabeçado por Nina, escolhida entre 1000 crianças. Longe de ser um panfleto a favor ou contra o comunismo, o filme nada mais é do que uma brilhante história sobre Anna aprendendo a crescer e descobrindo que o mundo não é só preto ou branco. Longe de fazer um filme político, ou uma obra de propaganda, Julie Gavras realizou um trabalho emocionante, que toca de forma profunda seu objeto de estudo e destinação: o humano.
15/08 – Crash – No limite. Drama. EUA. 2004. Diração: Paul Haggis.
Sinopse: O filme mostra o encontro de vários personagens totalmente diferentes nas ruas de Los Angeles: uma dona-de-casa e seu marido, promotor público, da alta sociedade; um lojista persa; um casal de detetives da polícia - ele afro-americano, ela latina -, que também são amantes; um diretor de televisão afro-americano e sua esposa; um mexicano especialista em chaves; dois ladrões de carros da periferia; um policial novato; e um casal coreano de meia-idade. Todos vivem em Los Angeles e cada um tem sua própria história. Nas próximas 36 horas, eles vão se encontrar
Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=2EuPCwPGVQo
Por Andy Malafaya ( www.cineplayers.com ) - 29/10/2005
Uma obra-prima que coloca seus personagens em situações extremas. Imperdível!
Poucas são as vezes que nos damos ao luxo de pararmos e refletirmos sobre nós mesmos. É da condição humana deixar esquecido o que realmente somos, para agirmos de acordo com as regras impostas pelo convívio em sociedade. Essa personalidade que muitas vezes pensamos nem mais existir acabam vindo à tona, geralmente em situações das mais inapropriadas, aquelas no qual estamos enraivecidos, nervosos, descontrolados. Situações extremas, enfim. Nada mais apropriada, portanto, uma das frases de divulgação de Crash - No Limite: "Você pensa que conhece a si mesmo. Você não faz idéia".
É justamente essa a questão que aborda Paul Haggis, diretor e roteirista do filme. Com vasta experiência na televisão americana, onde trabalhou em diversas séries, e com um filme no currículo (Hoje É Dia de Rock, que foi lançado diretamente em vídeo), ele "surgiu" finalmente no cinema quando escreveu e produziu o premiado Menina de Ouro, de Clint Eastwood, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de roteirista. Haggis, hoje com 52 anos, acumulou experiência suficiente para almejar algo grande o bastante para si mesmo, que acabou se traduzindo em Crash - No Limite. A partir de uma idéia surgida quando ele próprio se envolveu em um acidente automobilístico, Haggis criou um painel entrelaçando diversos personagens sem aparente conexão na Los Angeles, um dos grandes celeiros de diversidade da América atual. Los Angeles, aliás, parece ser o cenário preferido para este tipo de filme. Robert Altman já tinha utilizado a cidade em seu primoroso Short Cuts - Cenas da Vida, e Paul Thomas Anderson incrustou o subgênero no mapa com o magnífico Magnólia, um dos mais importantes filmes da década passada. Não por acaso que Haggis a escolheu para traçar sua história sobre identidade e racismo.
A forma como Haggis desenvolve sua história é crua e direta, sem qualquer tipo de concessão. Talvez, por isso mesmo, o filme seja tão curto (menos de duas horas de filme) e tão poderoso. Desde os primeiros minutos até a conclusão, a sensação que o filme passa é de excitação constante, como se a intenção fosse nos tirar o fôlego. Talvez, por nos vermos ali, em cada personagem, em cada situação apresentada. Uma, em especial, é das mais aterrorizantes para qualquer cidadão de classe média: quando uma rica dondoca (Sandra Bullock, finalmente uma grande atriz, não uma estrela) humilha o seu empregado chicano (o sensível Michael Pena, uma grata revelação). A habilidade do roteiro cria toda uma estrutura para que essa cena seja primordial para o funcionamento do filme. A mulher, fragilizada, amedontrada e só, encontra naquele homem simples uma forma de despejar toda a sua frustração com a vida. Mais comum, impossível. E por isso mesmo, tão impactante. É a classe vendo a si mesmo de forma crua e inesperada. Algo que Beleza Americana fez em um outro contexto e com outros propósitos. Mas com igual impacto.
O filme basicamente se concentra em pequenos núcleos dramáticos que aos poucos vão se relacionando e despindo as camadas que compõe cada personagem e cada situação. Temos, por exemplo, o rico casal negro que é desestruturado ao sofrer uma abusiva revista policial. Ou a amedrontada família persa que, em pós 11 de Setembro, ainda tenta fixar raízes em um país que os renega. Ou ainda a dupla de jovens negros assaltantes que fogem a qualquer estereótipo.
Não há espaço no roteiro para personagens principais. Todos são relevantes na mesma proporção, com igual importância para a trama. Todos absolutamente críveis e condizentes com seus atos - não há espaço aqui para redenção ou maniqueísmos, duas das armadilhas mais comuns nas quais o roteiro poderia se ancorar. Alguns personagens são construídos com o desenvolver da história, outros são magnificamente desconstruídos (a personagem do policial honesto interpretado por um contido Ryan Phillippe é o maior exemplo).
É ótimo perceber que Haggis não se intimidou com a direção do longa. Que é ótimo roteirista, isso já sabíamos, mas como diretor era praticamente uma incógnita. Além de preservar um ritmo sufocante (um ótimo trabalho também de edição), ele provou ser um ótimo diretor de atores também, já que extraiu performances arrebatadoras de um elenco muitas vezes visto como descartável. Uma prova que atores bem dirigidos podem render muito bem em mãos seguras. Que o diga Matt Dillon, na pele de um amedrontador policial, que lhe rendeu as melhores críticas de sua carreira. Ou Thandie Newton, absolutamente fantástica na pele de uma mulher em frangalhos após uma acareação, que reencontra o seu algoz no momento em que sua vida está por um fio. Há ainda que se citar Terrence Dashon Howard, como o impotente marido que não sabe o que fazer ao perceber que está perdendo sua mulher sem que possa fazer qualquer coisa para reverter a situação.
Toda essa coragem ao colocar o dedo na ferida que todos tentam esconder rendeu dividendos incalculáveis para Haggis (e alguns detratores hipócritas também). Seu filme, que custou apenas seis milhões de dólares, rendeu quase dez vezes mais (uma proporção incrível em se tratando de uma produção de baixíssimo custo), catapultando-o para o hall dos grandes nomes do cinema atual e com muitas perspectivas nas premiações do próximo ano (o filme foi lançado nos Estados Unidos ainda no primeiro semestre, e mesmo assim ainda segue como nome "forte"). Haggis conseguiu que durante duas horas nos espelhássemos naquilo que estávamos vendo e que pudéssemos parar posteriormente, respirar e analisar nossas atitutes. Talvez amanhã. Ou quando nevar novamente em Los Angeles.
22/08 – Jogo de Cena. Documentário. Brasil. 2007. Direção: Eduardo Coutinho
Sinopse: Atendendo a um anúncio de jornal, 83 mulheres contaram sua história de vida em um estúdio. 23 delas foram selecionadas, em junho de 2006, sendo filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em setembro do mesmo ano várias atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas por estas mulheres.
Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=i2UbAt6lTL8
Por Geo Euzebio, em 23/11/2007 ( http://www.cineplayers.com/ )
Coutinho nos põe no palco para nos dar lições de melodrama unida a documentarismo, e ainda revela muito sobre o conhecido mimetismo do ator.
O título deste que é o mais recente trabalho de Eduardo Coutinho já é suficientemente revelador: aqui é o "Jogo de Cena" que nos interessa. E a produção busca como alimento para as interpretações que promove histórias reais, desafiando assim ainda mais os atores (no caso, as atrizes), pois suas personagens são criações não-dramáticas sobre as quais se pode obviamente criar, contanto que se suporte o peso da realidade envolvida.
E é esse o jogo: a produção pôs um anúncio de jornal solicitando mulheres que se dispusessem a falar de si mesmas diante das câmeras. Foram 83 as respostas, das quais 23 foram selecionadas. Meses depois no Teatro Glauce Rocha no Rio de Janeiro, atrizes foram convidadas para interpretar as histórias escolhidas.
Assim que entramos no documentário (que os próprios produtores nomearam como "impuro" por incorporar atrizes) as coisas – aparentemente normais – parecem fora de lugar: mulheres comuns parecem assumir o lugar das atrizes, entrando num palco para interpretar algumas histórias, que podem lhes pertencer ou não. A partir daí seguimos os relatos sendo contados e entrecortados por mais de uma, às vezes mais de duas vozes, que se complementam completando a história. Disso surge a pluralidade de interpretações de um mesmo texto, que ainda que seja o mesmo, não se repete, apesar de resguardar os sentimentos do discurso original.
Isso é o mais instigante em Jogo de Cena: a brincadeira é com o ato de interpretar: interpretar os outros ou interpretar a si mesmo são apenas níveis diferentes de uma mesma ação. São três as atrizes ‘profissionais’ que passam pela experiência: Andréa Beltrão, que ao interpretar um dos relatos, revela algumas escolhas pessoais e se emociona por não crer no mesmo que sua personagem, deixando claro que em geral é difícil não se deixar envolver; Fernanda Torres que entra em cena gesticulando de forma parecida com sua personagem, no que é interrogada por Coutinho e responde: "Ué, pensei que era assim! Isso parece um teste!" Assim ela faz também uma pequena reflexão sobre como "sentiu" a personagem, terminando por contar uma incrível história que não se pode dizer se aconteceu com ela ou com outra pessoa, ou sequer se realmente aconteceu; e Marília Pêra que de início pareceu tímida, interpretando aquela mulher que dizia chorar sempre que assiste ao filme Procurando Nemo, é a mais impessoal das atrizes, se limitando a interpretar e até cantar como a personagem. Marília leva ao palco do filme uma curiosidade: o tal cristal japonês usado para fazer brotarem lágrimas. Ela diz que foi preparada caso Coutinho quisesse muito vê-la chorar.
Com exceção das atrizes conhecidas, é muito difícil reconhecer quem está contando sua própria história ou quem as está somente interpretando. Vemos a história da mulher que conheceu um motorista de ônibus (ou de metrô?). Em poucos minutos de conversa a coisa já esquenta entre os dois. Tempos depois ela descobre estar grávida de um homem com quem se relacionou por apenas alguns minutos e nunca mais viu. E tudo parece tão "acreditável" que eu cheguei a ficar com raiva quando ela termina sua participação com: “E foi assim que ela disse!"
Mesmo com a repetição dos relatos, que já sabemos intencional, é impossível não se emocionar duas ou três vezes com a mesma história. Na primeira vez que ouvimos aquela mãe contando sobre o filho que morre e volta em forma de anjo para lhe confortar, o sentimento é forte. Na segunda vez você pensa que vai ser ridículo chorar de novo, mas ainda assim se emociona. E foi aqui que eu encontrei talvez outra peça pra entender o filme de Coutinho: além de nos pôr dentro do jogo de interpretar, ele abusa da chamada "suspensão voluntária da descrença", quando o espectador é levado pelo enredo e a representação a, conscientemente, "esquecer" que está diante de uma obra de ficção e se deixa emocionar. Logo depois de nos instalar confortavelmente em nossas poltronas de confiança, ele nos joga na cara a verdade da representação e eu me senti enganada. Mas tão bem enganada que fico feliz de ter ido à sessão.
É na base da desconstrução que caminha o filme, conquistando nossa confiança e seguidamente nos traindo, mostrando a impureza desse documentário com atrizes, que utiliza um vínculo inegável com a realidade para nos embebedar pelo sentimento das histórias contadas, nos dando uma lição de como usar os efeitos melodramáticos (e aqui se entenda o termo melodrama como um sinônimo da utilização de fórmulas e efeitos fáceis já conhecidos que proporcionam o envolvimento do público, apoiado por elementos que ajudam a induzir a platéia ao choro ou a um sentimentalismo exagerado).
Eduardo Coutinho sempre surpreende. Com trabalhos que o consagraram como um dos melhores documentaristas brasileiros (vide o clássico Cabra Marcado Para Morrer, ou o recente Edifício Master) dessa vez mostra uma diferente possibilidade de relacionar documentário e ficção, movendo-nos para cima do palco – um dos símbolos da arte de interpretar – mostrando-nos, sempre ao fundo, aquela platéia vazia e nos levando a acreditar que migramos de um processo a outro, de modestos espectadores à parte da equipe do filme. Mas antes mesmo do final você percebe que está diante de uma obra que manipula os espectadores da mesma forma que movimenta as câmeras: às vezes como um olho que olha os outros; às vezes como alguém que enxerga a si mesmo. E nesse caso, mas só nesse, ser manipulado parece interessante...
29/08 – A onda. Drama. Alemanha. 2008. Direção: Dennis Gansel.
Sinopse: um professor de ensino médio Rainer Wenger (Jürgen Vogel) propõe uma experiência com o objetivo de explicar a seus alunos como um governo totalitário funciona. Dentro de poucos dias, o projeto de ideias inofensivas dá origem a um movimento real e perigoso chamado "a onda".
Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=eHR-Yz15tuQ
CRÍTICA DO FILME (Blog Portal de Cinema, 17/01/2009)
Com tanta oferta cinematográfica de maior ou menor qualidade, existem sempre aqueles pequenos objectos de culto que fazem a diferença. "Die Welle" é desses objectos e se tivesse direito a uma maior projecção seria um daqueles filmes que faria concorrência a muitos blockbusters.
O filme é baseado em factos reais, numa experiência chamada "The Third Wave" onde o professor Ron Jones questionou os seus alunos da génese de um movimento como o nazismo. No filme a discussão é a mesma sendo que a questão que se coloca : Será possível viver uma nova ditadura na Alemanha? Inserida num projecto de uma semana, o professor incute-lhes alguns princípios adoptados pelo regime como a importância de unicidade num grupo, a utilização de uniformes, uma postura correcta e ordenada. O certo é que os alunos começam a adoptar essa postura e começam a aceitar e interiorizar esses mesmos conceitos e como uma mancha o projecto começa a ganhar novos adeptos chegando a proporções que levam a um clímax dramático.
Tecnicamente o filme não é nenhuma obra prima, as actuações do elenco jovem estão seguras e não desiludem. Podíamos estar perante um objecto menor do calibre de "Morangos com Açúcar" mas não é o caso, se bem que inevitavelmente existem alguns clichés próprios de este género de filmes (o caso mais recente Twilight), "A Onda" preocupa-se mais em transmitir a sua mensagem e fá-lo de forma natural sem nunca o tornar forçado.
A única crítica de maior que reitero é relativamente ao final. Sem querer dar qualquer tipo de "spoilers" e sem conhecer a veracidade dos factos é inegável que se obtém a resposta à questão principal do filme, porém a mensagem que esse final transmite pode levar a outras interpretações algo falaciosas e erráticas, isto porque a percepção com que se fica é que o filme atinge o seu clímax dramático final por força de argumento, sendo que a verdade ficcional impera sobre a realidade num opus de dramatismo e de tragédia algo exagerado, mas eficaz em termos de impacto em públicos mais susceptíveis.
Numa sociedade cada vez mais ambivalente em termos de valores culturais, isentos de qualquer tipo de ordenação e cada vez mais descaracterizadas, basta uma pessoa com carisma suficiente a oferecer um sentido de ordem, unidade e identidade a um grupo, que facilmente moverá massas. Crítico sem nunca cair no burlesco " A Onda" é um pequeno grande filme a ser descoberto antes que se desvaneça no oceano de oferta cinematográfica que aí vem!
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