quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ciclo de filmes: A Ditadura militar no Brasil

Neste mês de outubro de 2010...em plena baixaria das eleições presidenciais, o Cinemoras propõe um debate a partir das produções cinematográficas sobre a Ditadura militar no Brasil...buscando conhecer o passado para pensar o presente e construir o futuro!
Participe e traga suas opiniões!!

Este ciclo de filmes acontecerá nos dias 21, 22, 23 e 24 de outubro..no mesmo local de sempre: Torre ON (ST4) da Moradia Estudantil da Unicamp (Av. Santa Isabel, 1125. Vila Santa Isabel, Barão Geraldo).

Nos dias 21 e 22 (quinta e sexta-feira) as sessões ocorrerão às 19h e nos dias 23 e 24 (sábado e domingo) às 18h.


PROGRAMAÇAO

21/10 – Quinta-feira – 19:00h


Jango. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 1984. Direção de Silvio Tendler. 117 min.



Sinopse: Rodado em 1984, Jango retrata a carreira política de João Belchior Marques Goulart, presidente deposto pelos militares em 1º de abril de 1964. Na obra, Tendler procurou mostrar a política brasileira da década de 60, desde a candidatura de Jânio Quadros, passando pelo golpe militar, as manifestações da UNE e os exílios. O filme é narrado pelo ator José Wilker e conta com depoimentos de Magalhães Pinto, Aldo Arantes, Raul Ryff, Afonso Arinos e Francisco Julião, entre outros.

Crítica: Um dos maiores sucessos populares da história do documentário brasileiro, Jango foi um filme necessário no seu tempo (1984, estertores do período de exceção) e hoje é um clássico. Poucas vezes o perfil de um líder político chegou às telas com a fluência, a inteligência e a emoção desse trabalho de Silvio Tendler. O filme concentra-se na figura um tanto trágica desse estadista sem poder que, junto com sua deposição em 1964, levou consigo, por muito tempo, os sonhos de um governo popular. Um tesouro em materiais de arquivo é submetido a uma edição vibrante e servido por um texto que, além de comentar as imagens, vale-se de metáforas e aproximações para revelar o seu subtexto. (Fonte: Programadora Brasil)


22/10 – Sexta-feira – 19:00h



Lamarca. DRAMA. Brasil, 1994. Direção de Sérgio Resende. 129 min.




Sinopse: Crônica dos últimos anos na vida do capitão do exército Carlos Lamarca (Paulo Betti) que, nos anos da ditadura, desertou das forças armadas, e passou a fazer oposição, tornando-se um dos mais destacados líderes da luta armada.



Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=oy3Csmjbnu8

23/10 – Sábado – 18:00h



Hércules 56. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 2006. Direção de Silvio Da-rin. 94 min.


Sinopse: Documentário sobre a luta armada contra o regime militar, focado no seqüestro do embaixador Charles Elbrick, ocorrido na semana da Independência de 1969. Em troca do diplomata, foi exigida a divulgação de um manifesto revolucionário e a libertação de 15 presos políticos, representantes de todas as tendências que combatiam a ditadura. Banidos do território nacional e com a nacionalidade cassada, foram conduzidos ao México no avião da FAB Hércules 56.

Crítica:  O filme recupera os bastidores de um episódio marcante da história recente do país: a troca de 15 prisioneiros políticos pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado por grupos da luta armada em setembro de 1969.

Além do interesse em reavaliar aquele acontecimento, um dos momentos mais dramáticos na ditadura militar, no auge da repressão do governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), o documentário traz à tona um notável grupo de personalidades entre os nove sobreviventes do grupo original de 15 prisioneiros.
De um lado, estão os ex-presos políticos trocados pelo embaixador, como o ex-deputados José Dirceu de Oliveira e Vladimir Palmeira, e o jornalista Flávio Tavares. De outro, também são ouvidos idealizadores do próprio seqüestro, como o historiador Daniel Aarão Reis e o jornalista Franklin Martins.
O diretor carioca Silvio Dá-Rin, que é também um dos melhores técnicos de som do cinema nacional, conduz seu filme com ritmo e solidez de informações. Cria clima a partir dos depoimentos dos nove sobreviventes, partindo da famosa foto que os reúne antes da partida.
A montagem tece ligações entre os relatos, em que surgem recordações, como o medo de serem atirados do avião -- um Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) --, seu desembarque no México, sua posterior ida a Cuba, onde foram recebidos como heróis por Fidel Castro.
Os presos trocados não tinham relação direta com o seqüestro. Eram militantes políticos de diferentes facções, que estavam na cadeia, sofrendo torturas. Por isso, vários recordam com que expectativa acompanharam sua inclusão na lista dos passageiros que deixariam o Brasil.
Um dos bons momentos do filme é quando se coloca na mesma mesa cinco dos autores do seqüestro, pertencentes à Dissidência da Guanabara (que depois assume o nome de MR-8) com a ajuda da Ação Libertadora Nacional (ALN). Num animado debate, eles reavaliam suas audaciosas ações e algumas das terríveis possibilidades que não se cumpriram -- como preparar-se para a execução do embaixador, caso resultassem em fracasso as negociações com o governo militar.
Ricas imagens de arquivo, que incluem noticiários da época, e imagens de alguns dos prisioneiros já falecidos -- como o líder camponês Gregório Bezerra e o líder estudantil Luís Travassos -- completam as discussões. O documentário cerca seu tema com cuidado e riqueza de detalhes. Fica claro que não há intenção aqui de ouvir o lado dos militares. O foco está em apresentar a versão de quem lutou contra a ditadura e hoje analisa as transformações do Brasil desde aquela época.
Uma ausência que alguns poderão notar é a do deputado Fernando Gabeira, participante do seqüestro e que se tornou um dos mais famosos do grupo, por ter sido um dos primeiros a contar a história em seus livros ao voltar do exílio. A explicação do diretor é que Gabeira era "soldado raso" da operação e sua intenção era apenas ouvir os líderes.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb, especial para a Reuters

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=Plz0myNOpcU


24/10 – Domingo - 18:00h

Vlado: 30 anos depois. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 2005. Direção e João Batista de Andrade.




Sinopse: Morto há trinta anos pela ditadura militar, o jornalista Vladimir Herzog é homenageado neste documentário dirigido por João Batista de Andrade. O longa é um apanhado da vida, carreira e morte de Vlado, contando com depoimentos de amigos e familiares. Entre os entrevistados estão Clarice Herzog, Paulo Markun e Diléa Frate

Crítica: Não é simplesmente um filme sobre Vlado, ou Vladmir Herzog, é um filme pessoal, uma dívida com o destino, assim diz o Diretor João Batista de Andrade. Ele inicia a cena com a praça da Sé em São Paulo e com uma cadeira promete tirar depoimentos sobre todos que viveram ou tiveram sua vida cruzada com Vladmir Herzog. É um filme pessoal, quase todo relatado em primeira pessoa. Com closes fortes, com marcas de expressão, sem maquiagem como um documentário tem que ser. Rugas reais e sorrisos e lágrimas verdadeiras. O Filme é pessoal, mas não teria como não ser. O Diretor afirma que deveu muito ao Vlado por na época não ter a capacidade de transformar aquela dor em algum registro visual. Mas 30 anos depois ele ressalta que uma divida não somente com o amigo com com o país está sendo paga. O filme é mais que pessoal, eu ainda usaria o termo ultra pessoal e de extremo realismo para satisfazer o que o diretor tenha questionado demonstrar. Sobre o que o filme fala? Para quem acha que o Filme é uma biografia de Vladmir Herzog tem a surpresa de encontrar um protesto e um relato direto da ditadura Militar. A introdução toda é feita em cima da figura de Vlado como um personagem histórico, como um resumo de sua vida. Mas não é isto. O pano de fundo, um Brasil conturbado, ganha a grande identidade do filme. Conspirações imaginárias, fuga de Prestes, Detalhes da tortura e ate mesmo um musical de João Bosco aparecem. Nenhuma imagem de torturas, nenhum sangue, ou ao menos nenhuma violência explícita. Toda a violência cresce dos depoimentos comuns e emocionados dos participantes. A violência toda acontece na cabeça daqueles que ali assistem de forma direta e clara o documentário tentando imergir numa das páginas mais negras da historia do Brasil. A edição Antes de tudo é um documentário que tem por objetivo extrair uma certa realidade sob o ponto de vista do diretor. A qualidade das imagens é amadora em sua maioria.Imagens que tremem, experiementalismos em reflexos,mas não tira de parte alguma a atenção do expectador. Mas de pouco isto importa, utilizando-se de filmadoras de mão e filmando a maioria do filme em primeira pessoa. Utilizando-se também de imagens de arquivos como o do culto de repudio na Sé, que nos traz pra dentro do que foi um momento de mudanças e indignação para a sociedade brasileira. Não importa mais a qualidade das imagens e sim o conteúdo com que elas são apresentadas e como conseguiram pegar a verdade, as bocas e olhos que exprimiam verdadeiras imagens sobre o que aconteceu naqueles dias de chumbo. O Diretor se utiliza de capítulos para seqüênciar os fatos ali colocados e dar maior coerência a historia. Destaque para o capitulo intitulado como PRISOES as quais os relatos ganham maior sensibilidade por parte dos entrevistados. Quem fala e faz historia Entre os principais depoimentos temos ilustres figuras nacionais e internacionais que contribuem com memórias para a construção deste quebra-cabeça que foi o caso Herzog. Entre eles aparecem: Clarice Herzog, Ivo Herzog, José Mindlin, Ruy Othake, Dom Paulo Evaristo Arns, Henry Sobel, Fernando Morais, Clara Sharf, Paulo Markun, Aldir Blanc, Alberto Dines, Sérgio Gomes, Diléia Frate, Mino Carta, João Bosco, Rose Nogueira entre outros famosos. Mas também tem muito transeunte mal informado ganhando seus segundos de fama.

Fonte: http://www.adorocinema.com.br/

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=aZRuP2LmIBM