quinta-feira, 7 de abril de 2011

Reativando o Cinemoras - Programação Abril de 2011

Lembrando que as sessões ocorrem aos domingos, às 19h, na torre do bloco O-N da Moradia Estudantil da Unicamp (Av. Santa Isabel, 1125)

 10/04/2011



Almoço em Agosto.

Comédia. Itália. 2008. Direção de Gianni Di Gregorio



Sinopse: Giovanni é um homem de meia idade, que mora com sua mãe viúva e enfrenta problemas financeiros. Sabendo de sua complicada situação, Luigi, o proprietário do apartamento em que eles vivem, faz uma proposta: que Giovanni abrigue a mãe dele e sua tia Maria durante o feriado de 15 de agosto, em troca de um abatimento nos aluguéis atrasados. Sem alternativa, ele aceita. Logo Giovanni é obrigado, a contragosto, a assumir o papel de babá das senhoras alojadas em sua casa.

Crítica: Um dos encantos do cinema está em nos permitir conhecer outras realidades e culturas. Almoço em Agosto (Pranzo di Ferragosto) traz uma dessas oportunidades que não podem ser desperdiçadas por quem gosta ou tem interesse em conhecer a cultura italiana. Além de o protagonista passar o filme inteiro bebendo vinho e cozinhando pratos típicos, ele está preparando o almoço de Ferragosto, um feriado que muitos não conhecem. Tudo surgiu de uma festividade romana pela fertilidade, mas com a adoção do Cristianismo a festa foi convertida em uma celebração que relembra a ascensão de Virgem Maria, comemorada em 15 de agosto.

A inversão de papéis entre pais e filhos que acontece na terceira idade é muito bem retratada pela produção. Sempre se tem a impressão que os idosos podem por vezes comportarem-se como crianças que precisam ser controladas. Comendo o que não deve, retrucando às sugestões das pessoas mais novas e outras travessuras e manhas são mostradas pelo filme de forma leve, sensível e cômica. Entre uma risada e outra, não se surpreenda se bater aquela vontade súbita de visitar a vovó.
Quem acompanha meus textos sobre cinema, sabe da minha indisposição com uma certa tendência contemporânea do cinema europeu de produzir filmes que não se focam muito no conflito e preferem fazer o retrato de uma situação, como o recente Horas de Verão. Almoço em Agosto segue essa linha que pejorativamente e deliberadamente apelidei de “filmes sobre nada”.
Fico muito feliz e não tenho medo de afirmar que a fita italiana é a primeira que eu realmente gosto e até tenho vontade de rever nesse novo gênero. As razões de minha afeição são a grande simpatia que os personagens apresentam e a comicidade leve desse singelo filme. (Fonte: Cinepop)

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=qdElOqCwcu8


17/04/2011



Cidadão Boilensen.

Documentário. Brasil. 2009. Direção de Chaim Litewski.



Sinopse: "Cidadão Boilesen", conta o envolvimento da classe empresarial brasileira com o pior dos anos de chumbo da ditadura Brasileira. Henning Boilesen, figura representativa na alta roda paulistana, presidente do grupo Ultra (Ultragás) participou ativamente na OBAN (Operação Bandeirante). O filme mostra que ele, assim como empresários da Camargo Correa, Folha de São Paulo, entre muitos outros, financiaram a repressão. Boilesen, diferentemente de quase todos, foi punido, sendo assassinado pelos militantes do MRT e ALN.

Crítica: Há 18 anos - em 1991 -, Chaim Litewski ingressou na ONU, o que o faz hoje viver em Nova York. No início da semana, ele voltou ao Brasil - e a São Paulo - para participar de um debate sobre seu documentário Cidadão Boilesen, que estreia nesta sexta, 27, nos cinemas. Cidadão Boilesen foi premiado no Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, esteve no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo. Sempre aplaudido pelo público e pela crítica, levanta o véu sobre a Operação Bandeirantes.
A Oban, como era chamada, foi um centro de informações, investigações e de torturas montado pelo Exército brasileiro no fim dos anos 1960 para combater organizações de esquerda que confrontavam o regime ditatorial que vigorava desde 1964 no País. O filme deixa claro que era financiada por empresários e banqueiros. O caso de Henning Boilesen, o cidadão Boilesen, é exemplar. Dinamarquês naturalizado brasileiro, ele virou empresário no País. Anticomunista ferrenho, ligou-se a grupos militares e paramilitares. Outros empresários e banqueiros - nomeados no filme - também fizeram isso, mas Boilesen se destacava por uma particularidade fartamente debatida no filme. Sádico, ele tinha um prazer especial em seguir as sessões de tortura, chegando a fornecer carros da empresa Ultragaz, do grupo Ulbra, que presidia, para operações de repressão. Em 1971, foi vítima de uma emboscada e morto por guerrilheiros.
Um dos entrevistados, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, faz uma bela análise sociológica do episódio. Guerrilheiros fazem acusações a Boilesen, mas seus familiares - o filho, em particular - contestam que fosse o monstro sugerido em Cidadão Boilesen. Entretanto, os indícios são muitos e confirmados por outros notórios personagens ligados à Oban, incluindo o célebre Coronel Erasmo Dias. No debate de segunda-feira, Litewski lembrou que foi em 1968 que ouviu pela primeira vez, na televisão, o nome de Boilesen ligado a grupos militares. Após a morte do empresário, ele nunca deixou de pensar no assunto, mas só começou a encarar a possibilidade de realização de um filme a partir do depoimento que colheu do ex-guerrilheiro Carlos Eugênio da Paz. "Só aí foi que eu realmente me conscientizei de que tinha material para uma obra consistente."
Mesmo assim, foram mais de 15 anos de pesquisa, que agora se concluem na estreia. Litewski elaborou uma lista de 200 possíveis entrevistados. Um terço lhe bateu o telefone na cara, tão logo ele anunciava sua intenção. Outro terço admitia dar depoimento, sem que fosse gravado ou filmado, certamente temendo represálias. O terço final, finalmente, deu a cara e a voz às denúncias formuladas no filme. Elas de alguma forma corrigem a história oficial. Mostram que a famigerada ditadura foi, na verdade, uma aliança civil-militar, incentivada e sustentada por setores de peso na sociedade, e não apenas empresários da Fiesp ou banqueiros da Febraban. Nem a imprensa é poupada. Litewski, que se autodefine como ‘rato de pesquisa’, só cita empresários e organizações que tenham sido mencionados por no mínimo três fontes diferentes.
Formado em comunicação, propaganda e cinema, Chaim Litewski especializou-se em filmar, documentar e discutir conflitos. Ele admite que tem uma relação de fascinação e ódio pela violência. Este documentário, feito ao longo de tanto tempo, o levou até a Dinamarca, em busca das origens de Henning Boilesen. Lá ele ouviu um depoimento muito interessante, que está no filme - o empresário, que teve uma origem humilde, tinha um lado sombrio muito forte na sua personalidade. Criança, teve um prazer tão grande em observar a punição de colegas da escola que o caso foi suficientemente inusitado para merecer a observação de um dos professores, acrescentada à ficha escolar. Na Dinamarca, a própria cultura local talvez lhe impusesse manter essas tendências perversas reprimidas. No Brasil da ditadura civil/militar, em contato com figuras como o sinistro delegado Sérgio Paranhos Fleury, essas tendências não apenas afloraram como foram liberadas.
Litewski conta que, durante muito tempo, somente conseguiu tocar o projeto de Cidadão Boilesen nas horas vagas. Ele trabalhava regularmente, nas suas funções habituais, e às 17 horas, 18 horas ficava liberado para se debruçar sobre os penosos acontecimentos que o documentário registra (e analisa). A verba sempre foi curta - ele só conseguiu finalizar Cidadão Boilesen após a premiação no É Tudo Verdade. Na Dinamarca, quase conseguiu uma parceria, mas os dinamarqueses impunham certas condições e elas se referiam principalmente ao tom do filme, ao enfoque da direção. Queriam o filme compassivo, indignado, com ênfase nas cordas do cello - pegando carona na metáfora musical, já que o ex-guerrilheiro Carlos Eugênio é hoje músico. Litewski queria incorporar música brejeira, fazer sátira, num estilo mais brechtiano. (Fonte: Estadão)

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=9TrocKiappo


24/04/2011



Thelma & Louise.
Drama. EUA. 1991. Direção de Ridley Scott



Sinopse: Thelma é uma dona de casa entediada e Louise), uma garçonete quarentona, cansada da rotina. Juntas, partem em um Thunderbird 66 conversível para uma pescaria de três dias. No entanto , as coisas não acontecem exatamente como elas haviam planejado e em pouco tempo se tornam fugitivas da polícia por haver matado um homem numa tentativa de estupro. Clássico dos anos 90, foi vencedor de vários oscars.

Crítica: Thelma e Louise, cansadas da vida que levam (Thelma é dona de casa e Louise é garçonete), decidem fugir da rotina e juntas resolvem jogar tudo pro alto numa viagem de carro pelo país. O que teria tudo pra ser mais uma historinha tipo "sessão da tarde" se transforma num trama cheia de reviravoltas e surpresas.
Thelma sofre uma tentativa de estupro e mata um homem. Depois conhece e se envolve com JD (um Brad Pitt ainda iniciante na carreira) que se revela não ser nem um pouco confiável. Já Louise, enquanto tenta consertar os estragos que a amiga causa tem ainda que resolver seu relacionamento um tanto complicado com o parceiro Jimmy (Michael Madsen). Apesar de as duas se tornarem verdadeiras criminosas durante o desenrolar da história, não tem como não torcer pela dupla, competentemente interpretada por Susan Sarandon e Geena Davis.
Harvey Keitel (Pulp Fiction, Cortina de Fumaça), que interpreta um policial empenhado e ajudar as protagonistas, também está muito bem em seu papel de coadjuvante. Aliás, Keitel é o tipo do ator que está sempre exibindo atuações espetaculares, ainda que em papéis pequenos.
O filme nunca cai na mesmice, tendo sempre "ganchos" espetaculares, como a cena em que as duas, revoltadas com os gestos obscenos dirigidos a elas por um caminhoneiro, explodem o caminhão do homem sem pensar duas vezes.
O que mais encanta nesse filme é o questionamento que muitos fazem: “Por que largar uma vida perfeitamente calma e normal para se meter num verdadeiro caos de acontecimentos?". A verdade que percebemos ao assisti-lo, no entanto, é que uma vida cheia de tédio e acomodação pode ser bem pior que uma aventura totalmente sem previsão. Thelma e Louise, em seu ponto de vista, se descobrem pessoas sem nada a perder e acabam vivendo muito mais intensamente nos seus dias de fugitivas que em toda a vida "perfeitinha" que levavam.
O filme Ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, além de ter recebido outras 5 indicações: Melhor Diretor, Melhor Atriz (Geena Davis e Susan Sarandon), Melhor Montagem e Melhor Fotografia.
Quanto ao desfecho, não poderia ter tido melhor, mais inesperado e ao mesmo tempo a única opção condizente com as personagens e com o que elas viveram durante sua jornada. Para não correr o risco de estragar o filme para os que não assistiram, não vou deixar nada explícito quanto ao final, mas posso dizer algo com toda certeza: Não decepciona.


Trailler:http://www.youtube.com/watch?v=na-LDwuH1lQ&playnext=1&list=PL174279CD4128649E

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